LiteraLivre Vl. 3 - nº 16 – Jul./Ago. de 2019
Sem Valor
Mônica da Silva Costa
Jacarezinho/PR
Quarta-feira, catorze horas.
Rua central da cidade,
comércio a todo o vapor.
Em frente a um restaurante,
a jovem senhora de aparência sofrida:
– Moça, por favor, um prato de comida!
Não é só para mim, é para meus filhos!
Já ganhei um pouco, mas não dá.
Tem a minha mãe também!
A moça dá atenção, pergunta dos filhos.
– Estão ali na praça!
A dona do restaurante aparece
e lança à moça um olhar repreensivo.
A moça ouve a jovem senhora:
– Por favor, não estou pedindo dinheiro.
Você mesma pode comprar para mim!
A moça pergunta à dona do restaurante
se ainda há comida, ao que ela responde "sim',
embora contrariada.
– Então, vamos lá – diz a moça,
e as três adentram o restaurante,
sob as repreensões da dona:
– Espere aqui fora! – diz à senhora.
– E amanhã não quero ver você de novo aqui na frente!
A senhora, humilhada,
apenas concorda, com a cabeça abaixada.
205