Revista LiteraLivre 16ª edição | Page 15

LiteraLivre Vl. 3 - nº 16 – Jul./Ago. de 2019 A casa Laranja de Janelas Verdes Charles Burck Rio de Janeiro/RJ Éramos jovens quando a maturidade bateu à nossa porta, toda vestida de preto, como se precisássemos da noite para deixarmos de ser crianças Há gente assim, tão pura, cadenciando os passos, Carregando a candeia de mudar o mundo Pessoas que se esgotam de doarem-se Os abutres nutrem-se das almas boas Das horas de invigilância no escuro Desse amor luminoso e quente Que resgata abandonos Mas se eu tivesse aprendido a escreve sobre a matéria da saudade, Caminharia olhando para trás, E trêmulo pelos outonos passados, Escreveria sobre a febre que nos toma e maltrata o corpo, pedindo à língua demente que se cale Terei escrito sobe a casa laranja de janelas verdes Quando na geografia da noite o mundo era feito de remédios e estrelas E jamais eu, a teria deixando partir, sem antes bordar no meu peito o seu endereço, Nem partir, levando as todas as ternuras que plantei no vaso sobre o parapeito de uma janela esquecida E que ela continua vindo sem voltar, Pois Tudo que passa por aqui carrega o nome dela 12