LiteraLivre Vl. 3 - nº 16 – Jul./Ago. de 2019
Engano no Celular
Ricardo Moncorvo Tonet
Amparo/SP
Acabava de chegar ao meu trabalho, na matriz da empresa em Campinas,
quando toca o celular.
— Alô, pergunto.
— Quem está falando, pergunta a voz do outro lado.
Uma voz masculina, aparentemente um jovem maduro entre os trinta,
trinta e cinco anos.
— Com quem você gostaria de falar? Retruco do outro lado.
Nunca se sabe, nesse mundo maluco de hoje, se quem está me
telefonando não é um sequestrador de dentro de alguma prisão brasileira!
— Eu queria falar com a Karina – acho que com “k” mesmo, me parece mais
elegante e atraente – respondeu meu interlocutor.
— Não tem ninguém com esse nome aqui, respondi sem prestar atenção na
resposta absurda, pois àquele celular era meu e eu não conheço nenhuma Karina
(com “k”).
Acho que ele se deu por satisfeito e acabou desligando.
Mas, quando já me direcionava para a sala de reunião, novamente toca o
celular.
— Pronto! Atendo.
Do outro lado, um longo silêncio, até que de repente a mesma voz:
— Desculpe, foi engano!
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