Revista LiteraLivre 16ª edição | Page 233

LiteraLivre Vl. 3 - nº 16 – Jul./Ago. de 2019 dormir. Sentindo um formigamento nos pés, Robson acordou para ver que estava sendo sugado pelo arbusto que virá antes de dormir. Tentou levantar em vão, pois, seus pés estavam presos no arbusto. Com medo de ser devorado ou engolido, começou a socar a planta que acabou prendendo seus braços. Percebendo que a morte estava à espreita, Robson agiu inconsequentemente mastigando e cuspido as folhas do arbusto para soltar-se, conseguindo livrar suas mãos e pés para fugir do monstro. Enquanto corria, Robson quase perdeu sua vida caindo no penhasco, ficando a centímetros da morte. O mundo que estava era caótico demais para ele viver, ou melhor, sobreviver, logo mais, ele morreria de um jeito estranho e desagradável. Olhou para o fundo do penhasco e viu na sua escuridão milhares de pontos luminosos. Julgou que seria uma bela morte cair nessas belíssimas profundezas estreladas, uma morte melhor que ele merecia, disso ele tinha certeza, porque foi um homem mal na maior parte da sua vida, matando e roubando, por necessidade e prazer. Constatou que tinha sorte, ninguém jamais verá o que ele viu, sentir o que ele sentiu e viver nesse mundo fantástico e perigoso. Suspirou, abriu bem os olhos e pulou, esperando a brusca descida, o que não aconteceu. Seu corpo flutuou, como se não possuísse peso nenhum, assim, começou a subir e subir, chegando perto mar acima. Uma fagulha de esperança surgiu no seu peito, ele poderia nadar até seu mundo, deixando a morte esperar mais um pouco. Mas seus planos e sonhos não coincidiram com o destino que foi prometido. Chegando próximo do mar, uma bocarra enorme, muito maior que Robson poderia medir, o engoliu como se fosse um pedaço de milho e por não ser devorado, ele passou semanas sofrendo no estômago ácido do monstro que nunca virá por inteiro. https://www.instagram.com/wesley_paranhos/ https://twitter.com/MindCatSs 230