LiteraLivre Vl. 3 - nº 15 – Mai./Jun. de 2019
Crônica do Corredor de Rua
Katia Simões Parente
São Paulo/SP
O despertador toca às quatro da madrugada, ele levanta, se lava e vai
tomar seu café da manhã. Frutas e pães fazem parte da dieta, pois sabe que
precisará de calorias extras para gastar. Depois de estar com a roupa adequada
para correr, normalmente um shorts curto e uma camiseta de dry fit, ou até a
camiseta da própria corrida, ele precisa usar o banheiro. O intestino, mesmo as
quatro e meia da manhã, precisa funcionar antes de sair de casa.
Algumas pessoas não tem problemas com isso, mas já soube de outras
que precisam fazer polichinelos até ter vontade de ir ao banheiro. Cada um a sua
maneira, todos precisam evacuar antes.
Muito bem! Todas as necessidades atendidas, vamos para o local de
concentração da prova. Alguns atletas vão juntos, um com o próprio carro busca
os colegas mais próximos e seguem pelas ruas vazias da madrugada. O caminho
é animado e a ansiedade é enorme. Sabem que há um percurso para correr que
nem sempre é tão fácil, muitas vezes com subidas infinitas, sem contar as
corridas de montanha onde devem ser cruzados rios e trilhas cheias de lama.
Mas a paixão pela corrida é maior que tudo isso.
Ao chegar no local da prova, como há milhares de participantes, só
conseguem estacionar o carro longe, sendo necessária uma caminhada de um
quilometro até a largada. Já é um aquecimento.
Finalmente no local da largada, um aglomerado de pessoas, todas com
seus bonés e tênis adequados se agitam para acordar os músculos. Há um
locutor que irá narrar a corrida dos profissionais e enquanto não chega a hora,
ele vai agitando o público com notícias, música e mensagens de incentivo. Ainda
faltam cerca de trinta minutos para a tão esperada largada, então há tempo
suficiente para alongar e claro, usar o banheiro mais uma vez.
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