Revista LiteraLivre 15ª edição | Page 209

LiteraLivre Vl. 3 - nº 15 – Mai./Jun. de 2019 mesmo tempo especial por poder fazer parte dele. Com a grande mão do pai sobre o seu ombro delicado guiou-a gentilmente até à secretária e ajudou-a a sentar-se num banco, ao lado estava o cavalete de cedro que ele próprio construiu e sobre ele uma tela de grande dimensão. Ao canto, perto dos pincéis estavam folhas soltas de papel de arroz com imagens monocromáticas de castelos, montanhas e árvores de flor de cerejeira. Os seus dedos procuravam sentir aquela textura quando fora interrompida pelo entusiasmo do pai que pousou a pedra na madeira. Falou que já tinha algumas numa máquina para as quebrar até ficarem grãos de cinco milímetros. Endireitou os óculos redondos com um sorriso. Aquele sorriso que único, carinhoso e sonhador procurava uma saída para um mundo colorido, onde o luto eram apenas lágrimas secas. Absorvidas pela terra e transformadas em flores, belas e alegres, como a sua falecida amada (…). https://behance.net/dkurebayashi 206