LiteraLivre Vl. 3 - nº 15 – Mai./Jun. de 2019
A cachorrinha Mariana
Marcos Andrade Alves dos Santos
Canaan/Trairi/CE
A beleza arrumou uma companheira de viagem chamada Mariana. Esta doce
amiga era uma cachorrinha muito bonita, toda lavradinha de vermelho com
branco. Todas as vezes que a Beleza botava a bacia de Colorau na cabeça, a
Mariana corria e ficava esperando na porta para acompanhar a amiga na
andança.
O povo da Lavagem ficava impressionado com a disposição da cachorrinha
para fazer os caminhos mais a "dona". E ninguém acreditava quando a Beleza se
virava para eles e dizia:
– Na verdade, a Mariana é minha amiga. Não posso ser dona de outro
destino que não o meu.
Estas palavras só podem ser entendidas por gente que ver mais do que a
superfície das coisas, das relações do ser humano. Desde muito tempo, que os
homens deixaram de serem amigos dos outros seres na natureza e até mesmo
entre si.
Acabou que muita gente não conseguia enxergar a profundidade da afetação
entre a Mariana e a Beleza, por que isso demandaria deles um desaprendimento
de tudo que lhes eram preciso para ser vazios. Mas para as pessoas
desimportantes isso era algo possível, por causa de sua mística antiga.
A Felicidade, que era amiga da Beleza, não tinha cachorrinha, no entanto
conversava com as Caraúbeiras e diziam que ela mesma dava flores amarelas em
seu sorriso. E sempre que recebia a Beleza, a Felicidade falava assim para a
Mariana:
– Eu sei que seu nascimento foi por causa de uma memória. Eu sei de seu
acometimento de memórias. Eu sei de seu falamento.
Porém, a Mariana só olhava para a Felicidade com aqueles olhinhos
arregalados, como se tivesse entendimento de tudo. Outra resposta não havia,
ainda assim o pensamento da Felicidade não se despedia. Então ela olhava para
a Beleza, que sorria e nada confirmava da suspeita da amiga.
Quando voltavam para casa, no caminho das Caraúbas, a revelação
aconteceu e tudo o que a Felicidade falava sobre a Mariana se realizava. A
cachorrinha fazia um espreguiçamento no meio do caminho até que parava de
uma vez, se voltava para a Beleza e tinha um acometimento de fala:
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