Revista LiteraLivre 15ª edição | Page 172

LiteraLivre Vl. 3 - nº 15 – Mai./Jun. de 2019 movimentos. Sua capacidade criativa fluiu rapidamente e aquele presente da natureza inundou sua alma fazendo aflorar a engenhosidade artística que parecia dormente. Tomada de um frenesi incontrolável abriu sua pasta e preencheu várias folhas anotando aquele balé. Traçou riscos, compôs desenhos, registrou notas e referências musicais nas páginas, tudo em gratificantes horas. Até que, exausta, atestou que a nova coreografia finalmente nascera, e sua conclusão seria questão de novas inserções. Quando finalmente saiu às ruas a alegria tinha se apossado de seu corpo e espírito. Enquanto caminhava, melodias vinham à sua lembrança para compor a trilha musical do espetáculo nascituro, e Gisele não conseguia conter-se, extravasava alegria e encantamento que eram percebidos pelos passantes. Os olhares das centenas de transeuntes não a impediam de assoviar, cantar e dançar pelas calçadas ainda molhadas, apresentando o primeiro ensaio do novo espetáculo. Lógico que ninguém poderia compreender o que estava ocorrendo, e ela se divertia em imaginar o que estariam pensando. Sua vontade agora é que venham logo os ensaios e a estreia, preferencialmente em um dia chuvoso, para que haja sincronia entre os que se desenrola no palco e na parte externa do teatro. Seria uma forma justa de dividir as glórias e as palmas ao final do espetáculo com a natureza, sua grande parceira e inspiração na idealização da obra. 169