LiteraLivre Vl. 3 - nº 15 – Mai./Jun. de 2019
movimentos. Sua capacidade criativa fluiu rapidamente e aquele presente da
natureza inundou sua alma fazendo aflorar a engenhosidade artística que parecia
dormente. Tomada de um frenesi incontrolável abriu sua pasta e preencheu
várias folhas anotando aquele balé. Traçou riscos, compôs desenhos, registrou
notas e referências musicais nas páginas, tudo em gratificantes horas. Até que,
exausta, atestou que a nova coreografia finalmente nascera, e sua conclusão
seria questão de novas inserções.
Quando finalmente saiu às ruas a alegria tinha se apossado de seu corpo e
espírito. Enquanto caminhava, melodias vinham à sua lembrança para compor a
trilha musical do espetáculo nascituro, e Gisele não conseguia conter-se,
extravasava alegria e encantamento que eram percebidos pelos passantes.
Os olhares das centenas de transeuntes não a impediam de assoviar, cantar
e dançar pelas calçadas ainda molhadas, apresentando o primeiro ensaio do novo
espetáculo. Lógico que ninguém poderia compreender o que estava ocorrendo, e
ela se divertia em imaginar o que estariam pensando.
Sua
vontade
agora
é
que
venham
logo
os
ensaios
e
a
estreia,
preferencialmente em um dia chuvoso, para que haja sincronia entre os que se
desenrola no palco e na parte externa do teatro. Seria uma forma justa de dividir
as glórias e as palmas ao final do espetáculo com a natureza, sua grande
parceira e inspiração na idealização da obra.
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