LiteraLivre Vl. 3 - nº 15 – Mai./Jun. de 2019
O Hóspede Misterioso
Wagner Azevedo Pereira
Nova Iguaçu/RJ
Já
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lusco-fusco um hóspede chega a um hotel:
Boa tarde... bem... boa noite, né? Há quarto para alugar?
Boa noite! Sim!
Eu quero para apenas esta noite e, no terceiro andar! Há?
― Sim, senhor! Há vagas em todos os andares! Há preferência de
apartamento? De vista para a rua ou na parte traseira, com vista para o mar?
― Não tenho preferência! Pode ser qualquer um!
― Então... eis a chave do 32!
― Obrigado! Posso pagar amanhã cedo?
― Claro!
― Obrigado! ― ele dá dois passos e: ― Er... já ia me esquecendo... preciso
de uma tesoura grande, um carretel de linha branca e uma tangerina média que
tenha menos de 100 gramas! Você consegue pra mim? ― o funcionário ficou
encucado com os pedidos estranhos, mas respondeu:
― Claro que consigo!
― Obrigado! Posso subir? O senhor leva tudo lá no quarto?
― Levo sim, senhor!
― Obrigado! ― o funcionário achou estranho o pedido do hóspede que não
pediu comida ou bebida, mas arranjou tudo e foi lá levar para ele.
Por coincidência o quarto do funcionário que era 22 ficava embaixo do do
hóspede!
À meia-noite em ponto iniciam-se alguns barulhos. E pareciam ecoar do
quarto do hóspede. Eram barulhos estranhos como se fossem pancadas
misturadas com vozes de alguns animais. O funcionário quase bateu à porta para
perguntar o que era aquilo. Não bateu, preferiu esperar clarear o dia...
Quando amanheceu, o funcionário pediu para verificar o quarto antes do
hóspede sair. Viu a tesoura, o carretel de linha, a tangerina e tudo arrumadinho
como estava antes. O hóspede pagou a conta, deu uma gorjeta melhor que a de
outros hóspedes, despediu-se e foi embora.
Passou-se um ano e o mesmo homem retornou ao hotel no mesmo dia e
mês: 2 de abril. O funcionário ao vê-lo lembrou-se dele. O homem quis o mesmo
quarto, fez os mesmos pedidos e foi atendido.
Desta vez o funcionário decidiu ficar acordado e bem atento aos
acontecimentos que por ventura viessem acontecer.
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