Revista LiteraLivre 15ª edição | Page 82

LiteraLivre Vl. 3 - nº 15 – Mai./Jun. de 2019 é necessário vencer muitos quilômetros de pensamentos, medos e ideias que surgem na cabeça do corredor durante uma prova. Alcança os postos de água. Outro agito, pessoas se espremendo para pegar um copo de água, metade é para jogar na cabeça e aliviar a temperatura, a outra metade para beber. Após conseguir beber uns goles de água, o retorno ao silêncio e à respiração. Arrependimento, dores, uma vida de imagens passam pela sua mente. “Acho que não farei mais isso... não vou aguentar... essa é a mais difícil...” Mas não desiste. Corre, pé após pé, metro após metro. O cansaço chega, fica difícil controlar a respiração, a roupa está encharcada de suor e água, uma subida acaba com o restante do folego. Olha adiante e o que vê é uma ladeira sem fim coberta de pessoas correndo, ao mesmo tempo colorido e desesperador. Quase no final da ladeira, quando o pulmão já não consegue puxar a quantidade de ar que o corpo pede, ele começa a pensar outra vez que não devia ter ido, aceitou o desafio sem saber se seria capaz. Pensa que deveria ter treinado mais, se dedicado com mais afinco. Sua mente viaja até lugares mais confortáveis para tentar aliviar o sofrimento, então um ruído distante o chama para a realidade, uma música, uma pessoa falando. É o locutor! Está chegando! Ele corre mais rápido, sabe que agora falta pouco. Corre, acelera o passo, respira fundo e vê logo a frente o pórtico da chegada. Todo o cansaço se desfaz e as dores somem. Junto com os outros corredores, dá o sprint final e de braços abertos conclui a prova. Os amigos que já chegaram vêm ao seu encontro para festejar, abraços suados são correspondidos, aguardam aqueles que estão vindo a seguir e todos satisfeitos por terem concluído a corrida comemoram com risadas e piadas. Segurando a medalha na boca, tira muitas fotos e junto com os colegas começa a programar a próxima. 79