LiteraLivre Vl. 3 - nº 15 – Mai./Jun. de 2019
data do Antigo Egito. Desde então, o artefato, como era de se esperar, se
popularizou pelo mundo. Durante a Idade Média, o objeto era responsável por
fazer a distinção entre as classes sociais. O poder burguês, séculos mais tarde,
padronizou e massificou a produção da cadeira e o produto trouxe,
indubitavelmente, grande fortuna para seus produtores, para os donos da
produção, se temos de ser honestos. Hoje, é imprescindível a presença do
produto na vivência do homem moderno. Não hei de prolongar mais esta breve
aula de história, com certeza o tédio do leitor anseia pelo apito do despertador.
Dada é a hora de retomar o raciocínio do penúltimo parágrafo. Hei de
justificar minha ideia passando por cada etapa da existência humana e,
consequentemente, pelas cadeiras de cada uma. No primeiro momento de vida, a
cadeira é, para o homem, símbolo unicamente da alimentação e do repouso. Veja
bem, estimado leitor, a mãe senta para amamentar o bebê, o neném é posto na
cadeira para comer sua papa e para acompanhar os pais nas refeições, assim
temos a cadeira da comida. A cadeira do repouso surge da necessidade do
descanso, seja para dormir ou para relaxar, uma cadeira é sempre um bom lugar.
Logo em seguida, com o desenvolvimento natural do ser humano, temos as
novas cadeiras da infância e adolescência. Agora, além da associação com a
alimentação o homem aprende a dar à cadeira significação relativa à diversão e
aos estudos. Diversão, pois, o cinema, as conversas e alguns jogos exigem o ato
de sentar, e nada mais conveniente que uma cadeira para dar o conforto
necessário. Já a cadeira dos estudos se apresenta como um verdadeiro problema
para o homem principalmente no período da adolescência. Acredito, e aqui leitor
segue uma consideração pessoal, que o grande problema na relação homem e
cadeira, nesse caso, é que o tempo dentro dessa relação é muito mais
quantitativo do que qualitativo, por culpa do próprio homem, vale acrescentar.
Tenho certeza que os cabelos de desespero caíram em menor quantidade com
um pouco mais de qualidade vivida no relacionamento. Há ainda outro problema
nessa relação e, dessa vez, por culpa do objeto. Este tem se acumulado em
tamanha proporção, que creio que a sua produção tem menosprezado as
peculiaridades, preocupando, agora, em acomodar os Agilufos, pois, os homens
que desejam ocupá-las já se encontram todos sentados. Infelizmente, tenho
ouvido muitas propostas e discursos prometendo aumentar, ainda mais, a
produção. Assumo me decepcionado ao ouvir tais coisas, em meu ver, se
devemos esquecer a qualidade para aumentar os números, que façamos tal
expulsando Agilufos e integrando quem existe. Veio a minha atenção agora que
em frase anterior culpei a cadeira por tudo isso. Como pode uma falha grotesca
passar despercebida? Pois, bem! Como não posso culpar um objeto inconsciente
de sua existência, culpo, pois, o produtor. Mas, como já havia dito, essas são
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