LiteraLivre Vl. 3 - nº 14 – Mar./Abr. de 2019
A Marcha do Progresso
Bruno Antonio Picoli
Chapecó/SC
O cheiro de sangue podre pesava e duas figuras indistintas cobertas manchavam
o asfalto de carmesim. Sobre as figuras, poderosas asas desenvolviam uma
coreografia lenta e simétrica. A aproximação intensificava o olor e revelava
grandes
touros
derrotados
conduzidos
com
exaustão
por
grandes
aves
carniceiras. Atrás do conjunto, outro igual, e outro, e outro, um cortejo.
Fechando a marcha abutres capturavam pelos ombros homens em ternos com
suas mochilas de couro e uniam-se a comitiva enrubescida. Sabia-se o destino
mas havia beleza na procissão que permanecia sobre o asfalto no odor do sangue
que misturava-se ao calor intenso do sol.
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