Revista LiteraLivre 13ª edição | Page 38

LiteraLivre Vl. 3 - nº 13 – Jan/Fev. de 2019 Balada da esquecida flha de alguém Emanuel R. Marques Aveiro- Portugal Concebida com pecado pelas súplicas do lodo Criação adormecida pelas vozes do engodo, Brilhas nas manhãs de um sol inexistente Perdes-te nas noites em que o frio é mais ardente. Na frágil caravela dos desaventurados Os homens são descrentes por ventos pouco alados, Esboças um sorriso num cigarro obediente Bebes mais um copo e finges-te contente. E nos teus devaneios assobias a canção: “Olha-me nos olhos desta atroz solidão Bebe do meu sangue e consome o meu pão, Nunca vi as aves nas gaiolas aprender Sente a minha cama e ensina-me a viver.” Tropeças nos insectos que não queres pisar, Adormeces numa fábula que ninguém quis contar E num suspiro lacrimoso que consegues esconder Clamas pelo veneno que te possa absolver. Loucos são aqueles que veneram o vazio Mas sujos infelizes os seres de desolação, Danças indecisa ao som de um assobio, Esperas inconstante pela longínqua solução. E se uma luz sopra num sinal Túnel de cactos e aberrações, Será que é o fim de todo este mal? Mas é melhor esquecer as paixões. www.facebook.com/emanuel.r.marques 34