LiteraLivre Vl. 3 - nº 13 – Jan/Fev. de 2019
Balada da esquecida flha de alguém
Emanuel R. Marques
Aveiro- Portugal
Concebida com pecado pelas súplicas do lodo
Criação adormecida pelas vozes do engodo,
Brilhas nas manhãs de um sol inexistente
Perdes-te nas noites em que o frio é mais ardente.
Na frágil caravela dos desaventurados
Os homens são descrentes por ventos pouco alados,
Esboças um sorriso num cigarro obediente
Bebes mais um copo e finges-te contente.
E nos teus devaneios assobias a canção:
“Olha-me nos olhos desta atroz solidão
Bebe do meu sangue e consome o meu pão,
Nunca vi as aves nas gaiolas aprender
Sente a minha cama e ensina-me a viver.”
Tropeças nos insectos que não queres pisar,
Adormeces numa fábula que ninguém quis contar
E num suspiro lacrimoso que consegues esconder
Clamas pelo veneno que te possa absolver.
Loucos são aqueles que veneram o vazio
Mas sujos infelizes os seres de desolação,
Danças indecisa ao som de um assobio,
Esperas inconstante pela longínqua solução.
E se uma luz sopra num sinal
Túnel de cactos e aberrações,
Será que é o fim de todo este mal?
Mas é melhor esquecer as paixões.
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