LiteraLivre Vl. 2 - nº 12 – Nov./Dez. de 2018
dadas com os duendes e gnomos, dançavam cantigas de roda, uma ciranda que
parecia nunca terminar. De repente todos começaram a voar, levando junto o
menino, em direção à Terra do Céu. Passaram pela Lua e viram o outro lado, que
não é tão escuro assim. Allegro não teve consciência de que a Lua é redonda,
porque sua atenção estava concentrada no Céu que se aproximava. Os
buraquinhos do céu foram aumentando de tamanho, permitindo que todos
passassem, cada um deles por um buraco. Agora estavam a salvo do bicho
papão, que ficou lá no mundo.
Quando estavam todos na superfície do Céu, viram um caminho leitoso por
onde seguiram. Ali a luz é maravilhosa. Todas as sete cores do arco-íris são
sempre presentes. Os anjinhos com asas de pássaros vieram recepcioná-los.
Atrás deles vieram também uns anjinhos diferentes, que tinha asas de morcego e
cujos rostos possuíam um aspecto amedrontador. Mas a ninguém ameaçavam;
eram brincalhões. Um arcanjo, responsável pelos anjinhos, surgiu de repente,
com o dever de dar explicações. Allegro, sempre curioso, foi o primeiro a
perguntar por que haviam anjos diferentes. O arcanjo apontou para cima, onde
Allegro vislumbrou um outro céu, semelhante ao que era visto lá do mundo. A
diferença estava nos buraquinhos, que eram todos vermelhos. O arcanjo
respondeu:
- Lá é onde todos os anjos nascem, saindo dos ovos, chocados pelo sol
vermelho. Uns saem com asas de pássaros. Outros, em menor quantidade, saem
com asas de morcego. Aqueles têm espírito mais evoluído. Esses outros têm
espírito em início de evolução. Eis aí a razão da diferença aparente.
Allegro compreendeu a resposta, porém sem entendê-la de todo.
Manifestou o desejo de conhecer aquele outro céu. Foi advertido pelo arcanjo,
alegando ser ali uma região com muitos perigos para os ignorantes da
‘metaciência’. Mesmo assim, Allegro insistiu em ir até lá. Foi-lhe permitido que
subisse desacompanhado, para que aprendesse a ter responsabilidade. Allegro
subiu cauteloso, cada vez mais vagaroso, aproximou-se de um buraco que
lampejava com tons do vermelho, que já lhe permitia passar tal qual um portal
de energia pura. Antes de transpor, Allegro olhou para baixo, mal conseguiu
vislumbrar todos os que ficaram lá embaixo, pois estavam muito longe.
Transposto o portal, Allegro sentiu-se só, isolado de todos, sentiu falta do papai,
da mamãe, da vovó, dos animais da roça. Sentiu, também, medo. Um medo
maior do que o do bicho papão ..., mas, sua curiosidade e necessidade de
aventuras eram mais fortes do que o medo que sentia e, assim, adentrou no
segundo céu.
De início, o primeiro fato constatado era que ali havia muitos animais, o
que não acontecia no outro céu. Era uma planície ressequida, cor de ferrugem,
com poucos vegetais. Pelo chão, muitos ovos diferentes em tamanho e cor,
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