LiteraLivre Vl. 2 - nº 12 – Nov./Dez. de 2018
se preocupavam em deixar às suas crianças um legado, num rito que provinha de
seculares gerações.
Ora em roda, ora em pares, ora em filas, assim seguia a oração até que a lua
se cansasse e deixasse o posto ao sol, num majestoso rosicler. A noite em claro
não era um sacrifício para eles, a felicidade podia ser vista nos olhares, vivos,
acesos como um grande fogaréu, tão temido por aquele povo em épocas secas,
nas quais a água era pouca, miserável, matava por sua ausência, ausentava-se
por intermédio dos deuses. Naquele compasso iam-se os fiéis,todos os anos,
horas e horas, agradecer pelo alimento e pela vida, como se aquela prece fosse
um fio de esperança que os protegeria nos momentos de escassez, quando uma
gota do céu era uma celebração na Terra.
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