Revista LiteraLivre 12ª edição | Page 156

LiteraLivre Vl. 2 - nº 12 – Nov./Dez. de 2018 Revolta Clarice de Assis Rosa Ituiutaba/MG Tem coisa pior do que ter como vizinho um casal que fica o tempo todo tratando-se por “amorzinho”, “benzinho”, “moranguinho” e demais adjetivos similares? E como se não bastasse isso, ainda ficam rindo o tempo todo em que estão em casa .Como eu estava morava no fundo da casa deles, além de ouvir, muitas vezes ainda era obrigada a ver como eles se divertiam e pareciam companheiros. Poxa, eu precisava estudar, terei prova na semana seguinte e como eu vou conseguir com esses risinhos insuportáveis, esse romantismo que mais se parece uma peça de teatro? Eu trabalhava na parte da manhã e fazia faculdade a noite. Mantinha um namoro cercado de brigas e desilusões havia 3 anos. Acostumamo-nos tanto com esse relacionamento doentio, que rompê-lo parecia algo que jamais faria parte dos nossos planos, afinal, que casal não brigava? E eu detestava casais perfeitos, para mim era tudo fingimento, não poderia existir quem não xingasse um ao outro, gritasse e até se estapeassem de vez em quando. Imagina o meu ódio, quando finalmente eu chegava em casa, depois de mais uma das muitas brigas com meu namorado possessivo, tendo que ,ainda, estudar e cuidar da casa. Sentada para estudar, ouço: — Benzinho, vai descansar um pouco que hoje eu preparo a janta, você já trabalhou muito hoje. — De jeito nenhum, meu dengo, hoje quero fazer o bolinho de arroz, que 150