LiteraLivre Vl. 2 - nº 12 – Nov./Dez. de 2018
Em seus altares suntuosos, seus deuses televisivos, hollywoodianos mil, fazem
de suas vidas vazias e sórdidas o descaso dos outros.
Não vejo vocês assim como não me veem.
Suas preocupações e futilidades do dia a dia se torna rotina, enquanto alguém
está gritando, está sufocando e pedindo ajuda.
Até que um salto com uma corda no pescoço o faz ser percebido.
Lembrem-se que todos nós temos essa corda no pescoço, desde o nascimento
pelo cordão umbilical, poderíamos ter saltado naquele momento, mas não,
preferimos saltar agora.
Mas quando nos matamos no dia do dia do nosso pão nosso, não é por causa de
uma estatística, por causa de uma mãe que nos ignora em troca de uma boa
cama renovada, ou por falta de uma boa influência religiosa ou política, o bullying
virou rotina, quem se importa. Eu não me importo.
De repente a morte é um presente diante tantos fatos ausentes.
Não aprendi me amar nem a me respeitar, porque vou me importar.
O sol não é amarelo como todos insistem em dizer, o céu nunca foi azul ao
entardecer, a noite que me aguarda com aqueles poetas malas que veem nas
estrelas um sei lá o que.
Não há sentido algum em nada, a vizinha que passa grita e se estardalhaça,
atrás de seu cachorro que faz pirraça, afinal eu expio através da vidraça a minha
vida que de longe não tem graça.
Hoje, aqui onde estou, não estou melhor do que fui, os seres que estão aqui
comigo, lamentam não terem vivido, de não ter tido a chance de ver o colorido.
Só existe um grande vazio, um deserto cinza na imensidão.
Não há mais vida, só solidão.
Não há explicação para tanta decepção, entre vivos e mortos eu contínuo sem
nada no coração.
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