Revista LiteraLivre 12ª edição | Page 141

LiteraLivre Vl. 2 - nº 12 – Nov./Dez. de 2018 Por que morremos todos os dias Beth Fallahi Poços de Caldas/MG Hoje com muito pesar percebo o quanto morri ontem e morrerei amanhã. Percebo que o que está a minha volta, só está a minha volta. Não está dentro de mim, não está comigo e nem de longe me alcança. As pessoas são como ilusões, sombras ou espíritos vazios. Passam por mim e não me percebem, passo por elas como se fossem transparentes. Nada nos afeta ou muda nosso rumo ou discurso. Somos todos seres vazios. Não representamos nada uns aos outros. Não nós percebemos. Terminamos o dia como começamos. Se um corpo cai e se despedaça, não significa nada, é apenas uma queda. Se um tiro é disparado, se torna tão normal ou igual ao dia banal. O carro que ultrapassa e lança seus ocupantes ao asfalto, normal, não me sobressalto. Uma criança que desaparece, um bebê que chora, uma mulher que emudece. Quem liga se o nobre não é tão nobre, se cristão não é tão cristão. Quando a caridade só é mais uma atitude para se vangloriar sobre os outros. A beleza se torna fútil e inútil. O feio é zombaria da sociedade. Vale a pena estar aqui...onde a guerra se faz necessária e a morte de tantos inocentes que é explicada como necessidade de um resgate do passado. Morro hoje, como morri ontem e morrerei amanhã. Sou estatística, mais um número, sou doente do espírito, adepto ao fracasso como se fosse uma religião. Não me encaixo em nenhuma situação e em nenhum grupo pagão. É, o paganismo tá em alta, vocês não percebem, nas todos promovem no seu dia a dia atos de paganismo. 135