Revista LiteraLivre 12ª edição | Page 120

LiteraLivre Vl. 2 - nº 12 – Nov./Dez. de 2018 Eu já estava cansado daquele filme chato, então decido a provocar um pouco meu marido passando as mãos pelas suas pernas e as unhas por seus braços. Ele era um homem gostoso e eu amava isso nele. Não malhava, nem era todo fortão ou sarado. Mas eu gostava de seu corpo e nossa química sempre foi a melhor. Ele tinha sempre uma ponta de barba bem aparada, era alto, cabelos escuros e principalmente, eu via o amor todas as vezes em que ele me olhava. Eu antes dele havia sofrido por amor, com família, no emprego. Ele me ensinou muito. Me mostrou a ser uma pessoa melhor, me incentiva a estudar e a ser alguém na vida, coisa que nem meus pais faziam por mim. - Enquanto eu acariciava suas lindas pernas e estava pensando sobre isso, percebi que ele havia parado de comer, mas não me olhou. E mesmo embora eu estivesse com a cabeça longe por alguns momentos, acabei me empombando e fiquei louco, não era possível que ele ia prestar mais atenção naquele filme horrível do que em mim, então comecei a passar as mãos em seu torso e costas sabendo que ele ama isso até que ele me pediu para parar. Me levantei frustrado e disse que ia na cozinha pegar refrigerante pra gente, ele me pediu um copo e quando eu estava saindo, me puxou para seu colo me dando um beijo ardente daqueles que nos deixam mole, cheguei a ficar sem fôlego naquele momento e sai sorrindo quando ele me prometeu que mais tarde iria me recompensar por não me dar atenção agora. Quando eu voltei alguns minutos depois, Sam e Jamie não estavam mais em nosso sofá, e Alan estava com o filme pausado porém seus olhos estavam virados na tela. —Amor, seu copo. Cadê estes dois? - Falei entregando o copo em sua mão. Ele não me respondeu ou pareceu reconhecer a minha presença ali ao seu lado. - Alan? Chamei-o novamente e mais uma vez ele não se mostrou entender ou ao menos me ouvir. —Ah cara, para de palhaçada. Eu só fui buscar um copo de refri para a gente e você aí tentando me assustar. Patético. - Falei me recostando nele e tirei o filme da pausa. Então uma voz estranha que eu nunca ouvi, bradou de seus lábios praticamente em meus ouvidos. - Você fez quase tudo certo... Primeiro, desistiu de jogar sem fazer a sua prece finalizadora. Depois, usou uma ponteira de vidro que não havia sido usada por você, e com isso me chamou. —Chamei quem Alan? Pirou de vez viado? —A mim, e eu vim para você. - Então Renato olhou de soslaio para o relógio da sala meio sem querer e percebeu que ele havia parado, se assustou quando olhou para seu pulso e o pulso de seu amado e ambos os relógios também o estavam. Começou a gritar alucinado por Jamie e Sam, porém nenhum dos dois estavam próximos ou pareciam o ouvir. E de repente ao correr, tropeçou em algo no chão e seus amigos estavam alo, cobertos de sangue. Vendo tudo isso, ele começou a correr pela casa, e se esgueirando pela parede voltou a sala para sair. Alan seu amado estava com os olhos brancos como se estivesse em posse demoníaca, não apenas a esclera, seus olhos estavam totalmente brancos incluindo a íris e pupilas e eu saí gritando em pânico clamando por socorro. Não alcançava meu celular e não sabia onde ele estava. As portas de casa estavam trancadas e eu 114