Revista LiteraLivre 11ª Edição | Page 27

LiteraLivre Vl. 2 - nº 11 – Set/Out. de 2018 rastro de sangue fazendo uma trilha em seu rosto e diversas marcas róseas cobrindo-lhe o corpo em diversos locais. Ajoelhado ao seu lado estava seu Francisco, os olhos novamente marejados e vermelhos, dessa vez não pelo tempo no bar, mas pelas pequenas lágrimas que delineavam sua fronte enrugada. Sua face se contorcia de tempos em tempos e seu olhar parecia perdido no horizonte em que contemplava o corpo que jazia em sua frente, e segurava um terço em suas mãos que tremiam e se entrelaçavam com a mão inerte de sua mulher. A cena causou tanta estupefação que foram necessários alguns segundos até que os vizinhos retomassem suas ações e corressem para afastá-los. Seu Francisco deixou-se afastar, o corpo mole caindo no chão, levando o terço nas mãos e juntando-o perto da boca. Quando deitou, pareceu cair em si e começou a chorar copiosamente, as lágrimas descendo em meio a um gemido rouco e grosso em que chamava por sua mulher. Um dos vizinhos correu para buscar o carro e levá-la ao hospital, mas antes que chegasse até a porta disseram-lhe que não seria necessário. Estava morta. www.aventurascontraotedio.wordpress.com 21