LiteraLivre Vl. 2 - nº 11 – Set/Out. de 2018
Segue o caminho, se afasta do salão e entra em um lugar mal iluminado que
dava para os fundos do cassino. Pensou algumas vezes se ela realmente havia
ido por ali. Até que vê seu xale caído no chão. Pega-o, o mesmo perfume de
pimenta rosa que sentira antes. Vai até a comporta de saída de emergência no
fim do corredor e continua sua busca pelo charme chinês.
Um beco, mal iluminado, mal cheiroso... Mal... Apenas uma pequena luz
alaranjada iluminava o local. A luz também o fez distinguir um par de sombras.
Ele se aproxima e vê. A mulher, abraçada a um chinês musculoso, sem camisa.
Abraçada com lascívia, enquanto o chinês olha com olhar atravessado para ele.
Levanta a mão livre, enquanto a outra embalava a cintura da mulher. Uma arma
prateada, gigantesca, luzia na sua mão. Sem uma palavra, apenas apontou para
o saco de fichas.
O homem entrega-o. Não foi o bastante para eliminar o desejo de violência do
chinês. A coronha da arma desce como um martelo em sua cabeça. Tudo
escurece.
Acordo com uma língua úmida. Um cão de rua. Sentia uma lancinante dor em um
lado das têmporas, bem como um líquido viscoso escorrendo. Ao passar a mão,
vê a cheia de um fluido grosso e vermelho, como o qipao da moça que seguiu. A
carteira e a bolsa de fichas não estavam mais com ele. Rasgando um pedaço da
camisa, tenta estancar o sangue, enquanto se dirige de volta ao cassino. O
Concierge, embasbacado com a condição dele, ainda assim o informa que sua
“companheira” havia retirado sua mala. Pergunta se queria que chamasse uma
ambulância ou algo assim. Ele hesita por um momento, olha novamente para a
Torre iluminada, e nega o auxílio. Iria novamente fazer o que pretendia. Subir na
Torre, novamente buscando seu destino, mas agora sem o ânimo de qual seria
ele como antes.
169