LiteraLivre Vl. 2 - nº 11 – Set/Out. de 2018
Slogan de Cláudio era “Uma vida melhor para o trabalhador” enquanto Carlos
defendia “Uma economia forte e independente”.
Os dois candidatos foram apresentados ao público. Em pé no palanque eles se
movimentavam de um lado para o outro, dificultando minha tarefa de identificá-
los. O primeiro candidato começou seu discurso:
“Nosso país está imerso numa crise econômica global, por isso temos que nos
unir e fazer os sacrifícios necessários para que o Brasil volte a crescer.
Precisamos cortar gastos com a administração pública!”
“Queridos amigos, rebateu o adversário político__ O excelentíssimo candidato
chama de gastos os direitos do cidadão. Ele quer diminuir sua aposentadoria e
seu seguro desemprego! Essa é a verdade que ele mascara!”
A praça encheu-se de vaias e aplausos. Estava claro para mim que os discursos
eram proferidos por Carlos do PDP e Cláudio do PCP. Mas aproveitei a confusão
para me certificar.
Não companheiro, me respondeu outro jornalista, quem discursou primeiro foi o
candidato de vermelho e depois o candidato de azul. “Você está cego?” Fiquei
atônito, os candidatos contradiziam seus slogans. Agora tentaria reconhecê-los
por suas vozes. Quando voltei meu olhar para o palanque os candidatos se
rodeando voltaram a falar:
“Povo Pontiguacensse! Devemos estimular nossas empresas, não podemos deixar
que o consumo caia, assim estaremos sempre aquecendo o mercado, gerando
emprego. Vamos abaixar o preço do dólar e incrementar a indústria!”.
Eu estava quase certo que aquela era a voz do Cláudio do PCP.
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