Revista LiteraLivre 11ª Edição | Page 49

LiteraLivre Vl. 2- n º 11 – Set / Out. de 2018
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Pelo telefone, Jordana fala com Ignácio.— Só porque eu lhe devo, vai me excluir da folha de rosto?— Não lhe excluí...— Como não? Estou excluída.— Não fui eu. Eu tinha pensado que foi você. Não tenho nenhum motivo para excluí-la. Na minha página aparece assim também o seu perfil, como se eu tivesse sido excluído por você. Não tenho motivos...— Muito menos eu.
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Pelo kiékiá, Jordana fala com Aniceto.— Vamos beber só duas cervejas. Eu pago uma, você paga outra. Ficou decidido o encontro na sexta-feira em que Ignácio dissera a Aniceto que não sairia de casa à noite. Aniceto optou pela mesa de frente, próxima à avenida, escolheu a cadeira voltada para fora para Jordana, e a oposta, a voltada para o interior do bar, para ele. Ficaram sobrando duas cadeiras. Logo o Maranhão ofereceu o litrão, que foi aceito por ambos. E Aniceto iniciou a conversação assim.— Sabe, Jordana. O Ignácio é … Sei lá … Ele não falou direito pra mim quem terminou com o noivado de vocês.— E pra mim não falou por que ele terminou. Simplesmente não quis mais responder às minhas perguntas, disse que estava farto de perguntas.— Então foi ele que terminou.— Eu acho que foi ele, ele acha que fui eu.— Eita, Jordana. Mais uma vez vocês dois se separam.— E mais uma vez naturalmente sem permitirmos saber quem terminou.— Mas algo deve ter deixado ele em silêncio.— Nós tivemos uma conversa meio séria antes de dormirmos, na casa dele, mas tinha ficado mais ou menos resolvida a conversa. Não pensei que ao acordarmos de manhã, ele viria com essa.— É. Fica difícil saber.— Mas, como não poderia deixar de ser, eu queria saber se não está rolando algo entre ele e alguém, que você saiba.
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