LiteraLivre Vl. 2 - nº 11 – Set/Out. de 2018
Cores Proibidas
João Rosa de Castro
São Paulo/SP
Jordana insistira em descobrir com Aniceto o porquê do “pé na bunda” que
pensava ingenuamente ter levado de Ignácio. Aniceto retraíra-se nas
conversações cibernéticas. Não queria se envolver no caso. Já era sério, ao ponto
de haver um certo receio geral de Euzébio, ex-marido, que Jordana abandonara
por amor de Ignácio.
Pelo kiékiá, Jordana e Aniceto conversavam.
— Olá. Como vai?
— Tudo bem, e com você?
— Tudo bem também. Está sabendo?
— Do rompimento de vocês? Estou sim. Fazer o que, não é? Essas coisas
acontecem.
— Eu não sei o que houve. Queria entender.
— Fica assim não, Jordana. Eu já passei por situação parecida. É difícil mesmo,
mas você supera.
— Queria ir com você no risca-faca de elite para conversarmos, tomarmos uma
cerveja. O que acha?
***
Pelo kiékiá, Aniceto e Ignácio conversavam:
— É complicado mesmo, Ignácio. Ela me chamou para bebermos no risca-faca de
elite, mas eu não respondi. Não queria me envolver na história de vocês.
— Normal, Aniceto. Nada que você não contorne com sua experiência. Na vida
tudo sempre foi sério assim, nós é que levamos tudo na esportiva pra não nos
estressarmos.
— Eu sei lá. Vamos ver.
— Não só no risca-faca de elite como em qualquer lugar, tudo o que você disser
será usado contra você.
— É verdade. Fico com medo de dizer a ela algo que leve a uma confusão como
já houve tantas entre nós na nossa turma.
— Bem, fica a seu critério. Eu não tenho nada a opor.
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