Revista LiteraLivre 11ª Edição | Page 129

LiteraLivre Vl. 2 - nº 11 – Set/Out. de 2018 — Está tudo bem com você? — Ele disse engrossando a voz. — Está sim, obrigado por perguntar. — Você está sozinha aqui ou é impressão minha? — Sim, saí pra dar uma abstraída. — Eu tenho um pirulito do mesmo sabor do qual estou chupando. Comenta Pedro oferecendo um doce, com a boca no dele. — Não quero, não. Meus pais sempre me disseram pra não aceitar doces de estranhos. — Quanta sinceridade! Vou ser sincero também. Mas eu não sou um estranho. — De onde nos conhecemos mesmo? — Tenho a impressão de que nos conhecemos em vidas passadas — Fala para impressioná-la. A garota não esperava por aquela resposta. Pedro continua: — Percebi que você está triste, que foi? — Nada demais. — Então pare de se entristecer e coloque um sorriso nesse seu rosto — Colocando seus dedos nas bochechas dela, pressionando-a por um riso. — Não me toque. — Relaxe, estou aqui para te ajudar. Amanhã será um dia melhor que hoje. — Eu duvido, amanhã minha cachorrinha vai continuar morta. — Meus pêsames. — Te agradeço. Se soltou da coleira, ela veio a sofrer de um acidente “automobilístico” enquanto passeava, como disse papai — Gesticulando duas aspas no ar. — Fico contente que ela tenha tido uma morte rápida. — Como!? — Sabe, morrer lentamente deve ser agonizante. — Morte é morte — Respondeu ela friamente. — Essas coisas acontecem, você não pôde fazer nada contra a contingência. A jovem começou a lacrimejar. — Não chore. Ninguém tem o controle sobre tudo. Você precisa colocar um sorriso nessa sua cara e ser feliz. — Nunca mais vou ser feliz de novo. — Você precisa ser mais positiva. A vida continua — Disse, incisivo. — Tu só pode estar de brincadeira comigo. — Veja bem, um escalador que se depara com uma montanha alta pode ter medo no início, mas ele sabe que cresce cada dia que passa, enquanto que o cume fica cada vez menor. — Isso não faz sentido, a montanha ainda vai continuar gigantesca — Responde a esperta. 123