LiteraLivre Vl. 2 - nº 11 – Set/Out. de 2018
O Dia do Altar
Alex Rosa
Jundiaí/SP
O violino toca o tema, a música de entrada.
A espinha arrepia, a euforia se cala.
Ele está sério; ela, linda - os olhos marejam.
Toda de branco, segura o buquê e o choro.
A música cessa, aumenta o júbilo.
Os lábios tremem, os medos se misturam.
De um lado alegria; do outro, anseios.
Quantos cálices envoltos a um par de alianças?
Votos de felicidades, ato solene.
Sob os olhares de inveja, mas de boa fé.
Protegidos por mãos que abençoam
Trocam sorrisos, verdades e mentiras.
Ao beijo, o medo se desfaz.
Fica a certeza das dúvidas criadas
Amar até o fim? As palavras não saem
Nenhuma certeza de felicidade no amém
As línguas afiadas em lugar santo
Torturam anjos e querubins
Vínculo conjugal condenado ao fracasso.
Sobre o altar; ela acredita, ele nega com seu sim.
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