LiteraLivre Vl. 2 - nº 11 – Set/Out. de 2018
Nunca terá um nome
Hianca Santos Silva
Feira de Santana/BA
Eu sempre narro as minhas crises a algum papel
e detesto reler meus desabafos
porque no fim da minha narrativa
na síntese dos porquês
não existe nada.
O estalo.
O despertar do horror de tudo quanto cerca
para a consciência do nada quanto afasta.
Na pulverização do entendimento
o sentido se desfaz, tamanha inconcretude.
Na marcação do soluço
o movimento da lágrima e o tom da dor
numa canção constrangida
que nunca terá um nome
porque eu jamais aceitaria o descontrole
e por isso mesmo é que ele nunca se anuncia.
Sempre com a disposição dos provocadores
me propõe o desafio da entrega
me deixa crer na autonomia
e sequer faz ameaças de retorno
mas sempre volta pelos meus olhos.
Tem que ser circunscrito
tem que ser narrado
porque é na palavra que ele se esgota.
E então, eu rasgo.
https://www.facebook.com/hianca.santos
109