LiteraLivre Vl. 2 - nº 11 – Set/Out. de 2018
Não(,) era pessoal.
Pedro Henrique Silva
São Paulo/SP
João Marcos não queria magoar ninguém. Não queria irritar, incomodar,
chatear ninguém. Ele não era mau. Não era uma pessoa ruim, mas sabia que ele
vinha em primeiro lugar sempre. Até porque, alguém tinha que pensar nele, né?
Na verdade, ele já tinha passado da fase do “Estou fazendo pelo bem da
escola”. Ele sabia muito bem do mal que tinha causado. Mas sinceramente, essas
pessoas iam brigar de qualquer jeito. Independentemente de qualquer coisa. Sua
presença ali talvez tenha acelerado o processo. Mas a questão era que o desastre
estava esperando para acontecer. Tinha muitas questões mal resolvidas, muitas
tretas escondidas, as quais uma hora ou outra viriam à tona.
- Jo, você falou com a Fernanda? - disse Júlia com notas de preocupação
em sua voz e com cara de choro, enquanto entrava na sala dos professores do
Colégio 25 de Abril, às 10h, no primeiro intervalo de uma sexta feira. Fria.
- Ma, a Júlia tá aí? - disse Fernanda sussurrando, com a porta semiaberta,
sem que pudesse ver ou ser vista por qualquer pessoa que eventualmente
estivesse na sala, apenas por Marcos, Às 14h, no intervalo da tarde da sexta-
feira. Um pouco mais quente.
-Não, não. Mas assim, ela não quer conversar com você, você sabe, né? -
perguntou João Marcos.
-Ok. Então, tipo, eu tô bem triste com ela. - disse Júlia - Ela nem olha na
minha cara. Eu não falei nada dela. Juro que não! Poxa, precisamos conversar,
sabe? - perguntou ela quase que chorando.
-Mano, eu quero falar umas verdades para aquela traíra. Dizer sobre mim e
o Paulo pra Marta? Tipo, ela ferrou com ele, comigo… E só pode ter sido ela, né?
-Você quer saber o que eu acho? - perguntou João Marcos.
-Claro, Jo - respondeu Júlia.
-Fala, Ma - respondeu Fernanda.
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