Revista Janeiro Jornal Manauara - Janeiro 2018 PG | Page 3

Funcionários podem estratégicos dos CEOs destruir os planos O que pode minar a estratégia, os processos e os sistemas idealizados por um CEO muitas vezes não é visto, nem pode ser quantificado. Existem elementos invisíveis dentro de uma organização, com um alto potencial de destruição, que estão simplesmente relacionados à atitude das pessoas. "O silêncio, o dedo apontando, a responsabilização, a desconfiança ou a pouca abertura a mudanças são alguns sinais que podem ser percebidos", diz Ian Johnston, sócio diretor da Heidrick & Struggles, responsável pela área de modelagem de cultura (culture shaping). O poder da cultura organizacional na produtividade, segundo ele, não deve ser minimizado. "Os líderes podem ter claro o que querem fazer, mas a cultura pode colocar tudo a perder", diz. Nos últimos dez anos, Johnston realizou projetos de modelagem cultural em mais de 35 países da Europa, Oriente Médio e África. "Existem códigos e crenças em cada lugar, mas o ser humano é o mesmo e o que ele precisa é se sentir engajado", disse em entrevista ao Valor, em recente passagem por São Paulo. No coração da cultura, segundo Johnston, está o jeito como as pessoas se comportam e a maneira como fazem o seu trabalho. Quem está à frente de processos de transformação cultural precisa detectar o pequeno grupo ou indivíduo que têm um impacto desproporcional na maneira como a organização funciona. "É preciso contar com essa colaboração", diz. É importante também que os líderes mantenham um comportamento coerente com o que dizem. "Suas ações são muito visíveis", afirma. Em processos de mudança cultural, a preferência dos dirigentes tem um grande impacto. "Eles precisam fazer declarações, cuidar da comunicação, estar alinhados com os objetivos estratégicos e acreditar, de verdade, no que estão propondo." Transformações culturais são sempre difíceis e requerem cuidados. Não importa se forem provocadas por uma troca de comando, uma fusão ou aquisição, uma mudança na dinâmica da indústria ou porque a ideia é levar os negócios para outro patamar. "Algumas vezes a organização é muito boa em fazer os planos para a mudança, mas a empresa é muito ruim na hora de realizá-la", diz. A principal razão, segundo ele, é porque os seres humanos não gostam de mudar. "Temos os nossos hábitos, nossos times e para nós é muito bom quando entendemos o que fazemos todos os dias". Para convencer as pessoas de que a transformação é boa não basta apenas dizer o que será feito. "É necessário ser muito claro sobre o que vai acontecer com aquilo que importa para eles no trabalho", afirma. 3