Entrevista
Por Cláudio, João Paulo, Cleunice, André e Robson
No dia 20 de novembro foi realizado um evento na Escola e Turismo e Hotelaria Canto da Ilha
(ETHCI/CUT) para comemorar o Dia da Consciência Negra. Na ocasião foram entrevistados os
palestrantes Vera Márcia Marques Santos - professora da UDESC e Marcos Rodrigues –
educador popular da ETHCI-CUT. Confira abaixo a entrevista!
Educandos(as): Desde quando existe
discriminação do negro na área do trabalho em
geral?
Marcos: Há um problema sério no restante dos
outros países. Mais particularmente vamos falar do
Brasil, há uma figura entre o patrão e o trabalhador
que na história da escravidão o negro não era
considerado trabalhador e, sim, uma peça para o
funcionamento. Entre 1940 os senhores achavam
que os negros não eram trabalhadores, mas
escravos. Entre 1930 e 1940 aparece CLT, que
seria a Consolidação das Leis de Trabalho, assim
criaram a carteira de trabalho para os europeus.
Após 50 anos passados havia necessidade de mão
de obra pesada, o negro teve seu direito de ter a
carteira de trabalho. Sendo até hoje salários baixos.
Entre 1988 e 2008 estamos vivendo um momento
de crescimento.
Educandos(as): O que levou você a se aprofundar
no assunto sobre população negra e no mundo do
trabalho dos negros?
Vera não é só uma estudiosa das questões dos
negros, mas sim uma estudiosa de temas que
envolvem mulheres negras e brancas. Questões
que dizem respeito aos direitos humanos.
Educandos(as): Qual seria a solução para acabar
com o preconceito?
Marcos: A solução seria mudar a mentalidade do
ser humano, o sistema capitalista e muita luta
pelos seus direitos.
Educandos(as):
Existe preconceito
com o negro nos
dias de hoje?
Marcos: Sim! O negro hoje passa na rua e vem
aquele olhar que te mede de cima para baixo. O
preconceito não é o racismo, o preconceito ele
está no olhar das pessoas, as atitudes
discriminatórias, isso sim é mais complexo. Se um
negro passa na rua e cumprimenta uma mulher
dizendo "Bom dia!", ela fica assustada, apavorada.
A que ponto chegamos! Se vocês perceberem,
quando um negro passa por um homem negro, ele
mexe a cabeça um para o outro, faz parte da
lógica da sobrevivência dos negros.
Educandos(as): A mulher negra é discriminada no
mundo do trabalho?
Vera Marques: Sim, a mulher negra é muito mais
discriminada, se tivermos duas mulheres pobres
juntas, uma branca e outra negra, as negras serão
mais discriminada na oferta de trabalho e renda.
Educandos(as): Você já sofreu algum tipo de
preconceito?
Vera Marques: Me chama muito a atenção as
questões étnico-raciais, as questões sociais, as
relações de gênero, da diversidade, seja ela
sexual, sejam ela de gênero. Enfim o que envolve
como seres humanos me chama a atenção. E
também nesse momento estou estudando a
violência de gêneros que envolvem homem e
mulheres brancos e negros, e ai você percebe que,
entre as mulheres negras e brancas, ainda são as
negras mais vitimas.
Vera Marques: Sim. Fui dar uma palestra em uma
cidade de Santa Cataria e estava na sala dos
professores, aguardando a hora de dar palestra.
Duas pessoas que estavam na sala dos
professores perguntaram quem seria o palestrante
e, quando viram que era uma negra, ali já rolou um
preconceito. Sem querer acabaram sendo
preconceituosos, pois para eles eu era a moça que
servia o café.
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