Revista InfoRede I TCC ETHCI 2017_2 | Page 12

Entrevista Por Cláudio, João Paulo, Cleunice, André e Robson No dia 20 de novembro foi realizado um evento na Escola e Turismo e Hotelaria Canto da Ilha (ETHCI/CUT) para comemorar o Dia da Consciência Negra. Na ocasião foram entrevistados os palestrantes Vera Márcia Marques Santos - professora da UDESC e Marcos Rodrigues – educador popular da ETHCI-CUT. Confira abaixo a entrevista! Educandos(as): Desde quando existe discriminação do negro na área do trabalho em geral? Marcos: Há um problema sério no restante dos outros países. Mais particularmente vamos falar do Brasil, há uma figura entre o patrão e o trabalhador que na história da escravidão o negro não era considerado trabalhador e, sim, uma peça para o funcionamento. Entre 1940 os senhores achavam que os negros não eram trabalhadores, mas escravos. Entre 1930 e 1940 aparece CLT, que seria a Consolidação das Leis de Trabalho, assim criaram a carteira de trabalho para os europeus. Após 50 anos passados havia necessidade de mão de obra pesada, o negro teve seu direito de ter a carteira de trabalho. Sendo até hoje salários baixos. Entre 1988 e 2008 estamos vivendo um momento de crescimento. Educandos(as): O que levou você a se aprofundar no assunto sobre população negra e no mundo do trabalho dos negros? Vera não é só uma estudiosa das questões dos negros, mas sim uma estudiosa de temas que envolvem mulheres negras e brancas. Questões que dizem respeito aos direitos humanos. Educandos(as): Qual seria a solução para acabar com o preconceito? Marcos: A solução seria mudar a mentalidade do ser humano, o sistema capitalista e muita luta pelos seus direitos. Educandos(as): Existe preconceito com o negro nos dias de hoje? Marcos: Sim! O negro hoje passa na rua e vem aquele olhar que te mede de cima para baixo. O preconceito não é o racismo, o preconceito ele está no olhar das pessoas, as atitudes discriminatórias, isso sim é mais complexo. Se um negro passa na rua e cumprimenta uma mulher dizendo "Bom dia!", ela fica assustada, apavorada. A que ponto chegamos! Se vocês perceberem, quando um negro passa por um homem negro, ele mexe a cabeça um para o outro, faz parte da lógica da sobrevivência dos negros. Educandos(as): A mulher negra é discriminada no mundo do trabalho? Vera Marques: Sim, a mulher negra é muito mais discriminada, se tivermos duas mulheres pobres juntas, uma branca e outra negra, as negras serão mais discriminada na oferta de trabalho e renda. Educandos(as): Você já sofreu algum tipo de preconceito? Vera Marques: Me chama muito a atenção as questões étnico-raciais, as questões sociais, as relações de gênero, da diversidade, seja ela sexual, sejam ela de gênero. Enfim o que envolve como seres humanos me chama a atenção. E também nesse momento estou estudando a violência de gêneros que envolvem homem e mulheres brancos e negros, e ai você percebe que, entre as mulheres negras e brancas, ainda são as negras mais vitimas. Vera Marques: Sim. Fui dar uma palestra em uma cidade de Santa Cataria e estava na sala dos professores, aguardando a hora de dar palestra. Duas pessoas que estavam na sala dos professores perguntaram quem seria o palestrante e, quando viram que era uma negra, ali já rolou um preconceito. Sem querer acabaram sendo preconceituosos, pois para eles eu era a moça que servia o café. 12