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Revista ideaas | UM | Câncer no Brasil CÂNCER NO BRASIL O Brasil registrou cerca de 600 mil novos casos de câncer em 2018 e deverá repetir o número em 2019. A estimativa é do Instituto Nacional de Câncer A pesar de todos os avanços da Medicina, enfrentar a doença ainda é um desafio para os pacientes (e também para os familiares e amigos). A começar pelo estigma da palavra. Mas, com o slogan “Você não está sozinho”, o Instituto Oncoguia vem ajudando, desde 2009, muitos brasileiros a lidarem com a doença da melhor forma possível. O câncer ainda tem um peso grande em nossa sociedade. A palavra está muito relacionada a uma sentença de morte. Isso faz com que as pessoas sintam muito medo e acabem se paralisando diante de um diagnóstico de câncer”, ressalta Luciana Holtz Barros. Luciana Barros é psico-oncologista e fundou o Instituto Oncoguia com a ajuda de um grupo de profissionais do setor de Saúde e de ex-pacientes de câncer. O principal objetivo do Onco- guia é ajudar o paciente (e familiares) a viver mais e melhor, por meio do acesso à informação gratuita e de qualidade sobre a doença. Além disso, o Instituto atua na defesa dos direitos dos pacientes com um time de Advocacy, identificando problemas e entrando em ação para buscar solu- ções, por exemplo, procurando aprimorar alguma política pública ou mobilizando pessoas para uma determinada causa. O site do Instituto Oncoguia aborda temas diversos, como explicações sobre o que é câncer, quais os direitos dos pacientes frente ao SUS, dicas de alimentação e de beleza. Hoje, além do site, o Oncoguia conta com um aplica- tivo, o primeiro para pacientes que enfrentam a doença e seus familiares. Tem também o Canal Ligue Cân- cer – Programa de Apoio ao Paciente, que atende pelo telefone 0800 773 1666, e o Fale Conosco, para aten- dimentos on-line. Quando você se informa, busca ajuda, faz valer seus direitos e assim acaba enfrentando essa etapa da sua vida com menos peso e, principalmente, com mais participação nas decisões de sua jornada. A informação transforma a pessoa no que chamamos de PAR - Paciente Ativo e Responsável, explica Luciana. DADOS DO INCA Segundo estudo realizado pelo INCA – Instituto Nacio- nal do Câncer –, de cada 10 casos de câncer no Brasil, 3 estão ligados ao estilo de vida dos pacientes e poderiam ser evitados. Fumar, beber em excesso, ser sedentário, obeso e se expor em demasiado ao sol são hábitos que aumentam as chances de incidência da doença. O documento “Estimativa 2018 – Incidência de Cân- cer no Brasil” aponta que as doenças e os agravos não transmissíveis (DANT), entre elas o câncer, já são os principais responsáveis pelo adoecimento e pelo óbito da população, em termos mundiais. O estudo aponta que, no Brasil, o tipo de câncer mais comum é o de pele não melanoma. Nas mulheres, o mais comum é o de mama e, nos homens, o de prós- tata. Outros tipos de câncer com grande incidência no país são os de pulmão e de intestino, muito ligados a hábitos de alimentação, tabagismo e consumo exces- sivo de álcool. “Temos parentes, amigos, vizinhos recebendo o diag- nóstico de câncer. Cada vez mais, a doença está perto de todos nós, isso é uma realidade alinhada ao cresci- mento de casos nos últimos anos. Porém, ao mesmo tempo, há uma evolução constante nos tratamentos que garantem mais oportunidades de cura e sobrevida aos pacientes. Mas ainda batalhamos diariamente para garantir que os pacientes tenham acesso para realizar seu diagnóstico precocemente e para que consigam fazer o tratamento adequado, dentro do prazo previsto por lei, o que nem sempre acontece”, diz Luciana. A LEI DOS 60 DIAS Em vigor desde maio de 2013, a Lei dos 60 dias (Lei número 12.732/12) determina que o prazo máximo entre o diagnóstico e o início do tratamento do paciente com câncer atendido pelo SUS não pode ultrapassar 2 meses. Não é o que acontece, infelizmente. Um levantamento feito entre junho de 2017 e junho de 2018, no estado do Rio de Janeiro, indicou que somente 52,5% dos casos de tumores de mama, por exemplo, foram tratados pelo SUS nesse prazo determinado pela legislação. O quadro, quando o tratamento começa por cirurgia, é ainda pior: 11%. Luciana Holtz Fundadora do Oncoguia Muitos pacientes que chegam até nós desconhecem a Lei e estão preocupados com a demora no início de seus tratamentos ou com o descaso que encontram na rede pública. Nosso papel é orientar e esclarecer essas questões a quem precisa. Também estamos ativamente em Brasília, discutindo e debatendo questões relacionadas às políticas públicas para oncologia,” completa Luciana. 19