Revista ideaas Edição DOIS | Page 15

Ponto de vista Revista ideaas | DOIS | O PAPEL ESTRATÉGICO DA AUDITORIA EM SAÚDE O Goldete Priszkulnik é médica e executiva em gestão de saúde suplementar, com MBA em gestão de planos de saúde. É especialista em administração em saúde pela Associação Médica Brasileira. Professora convidada dos Cursos do Programa de Educação Continuada da FGV- SP – GV Pec e GV in company. uando pensamos nos processos de auditoria, sejam eles contábeis, sejam na área de saú- de, a primeira ideia que vem à cabeça é o controle e a fiscalização. Mas será que fazer audito- ria é somente controlar e buscar falhas? Poderíamos usar a auditoria como uma forma de aperfeiçoarmos os nossos processos internos dentro das Operado- ras de Planos de Saúde (OPSs) e dos prestadores de serviços na área, principalmente, os hospitais? A auditoria em saúde tem um alcance tão pequeno assim? Os auditores têm somente essa visão contábil da assistência à saúde? Em resposta a um desses pontos, sim, infelizmente, essa visão contábil ainda permanece em muitos locais, tanto em prestadores como em tomadores de serviços de saúde. Mas podemos dizer que a auditoria em saúde evoluiu de forma profissional e responsável e, em diversos momentos, ela é uma das responsáveis pelo equilí- brio econômico das OPSs , apontando, além de possíveis erros e problemas operacionais, as fraudes e desperdícios que tanto oneram o sistema, na área pública ou na vertente suplementar. A atuação do profissional de auditoria em saúde evo- luiu nos últimos anos. Não é mais meramente ope- racional, um contador de itens de contas médicas e hospitalares – tem um papel cada vez mais estratégico com olhos na qualidade da assistência prestada. Mediação importante De um lado, dados do Instituto de Estudos da Saú- de Suplementar (IESS) de 2017 mostram que 19% do montante gasto em saúde em 2016 corresponderiam a fraudes ou desperdício. As fraudes vão desde a uti- lização indevida do plano de saúde pelo usuário, su- perfaturamento e majoração dos preços de materiais e insumos hospitalares, até empréstimo de carteirinha para não conveniados. De outro, há o usuário e as empresas, que ao contrata- rem o plano de saúde, pagam para as OPSs cobrirem as despesas assistenciais que se fizerem necessárias. No entanto, o desconhecimento em relação aos preços dos materiais e medicamentos pelo consumidor co- mum os levam a suspeitar que as OPSs visam somente o lucro e que suas mensalidades são abusivas. Esse desconhecimento dos valores envolvidos na operação saúde traz suspeitas e dúvidas. Há uma discrepância e uma assimetria de informa- ções, porque a auditoria em saúde suple- mentar trabalha a favor do beneficiá- rio, buscando o equilíbrio da relação custo-benefício dos procedimentos e também a utilização coerente e ética dos insumos, materiais, medicamentos e próteses solicitados. A auditoria em saúde pressupõe profissionais capacita- dos para analisar, avaliar e controlar com competência e ética a utilização dos recursos em saúde. Ela busca o uso racional dos recursos para garantir a sustenta- bilidade do setor. Assim, tem um papel estratégico para atender aos interesses dos usuários das OPSs e demais pontas. É uma especialidade imprescindível para o bom funcionamento dos sistemas de saúde. 15