Revista - GRUPO JASF Agosto e Setembro 2019 | Page 5

Capa Cortar custos para sobreviver à crise E O ritmo da recuperação da economia não se ajusta às necessidades do empresariado, que, desde 2014, vem realizando malabarismos para equilibrar o orçamento. Mas é possível apertar ainda mais o cinto. m momentos de difi­ culdade, controlar gas­ tos e fazer cortes são as primeiras medidas adotadas pelas empresas. Só que essa nunca é uma decisão fácil, pois sempre há o risco de que a redução dos custos limite o de­ sempenho do negócio. Os cus­ tos, afinal, são gastos vinculados à atividade-fim, ou seja, estão rela­ cionados à produção de bens e mercadorias que serão comerciali­ zados, como matéria-prima e mão de obra. Logo, sua retração afeta diretamente a produtividade, avalia o presidente-executivo da Funda­ ção Nacional da Qualidade (FNQ), Jairo Martins. “Precisa ter um olhar para a receita, e não focar só no denominador”, defende. O dire­ cionamento maior para os custos demonstra uma visão de curto prazo, que pode, eventualmente, sustentar as operações momenta­ neamente, porém, dificultando o processo de retomada que virá na sequência, analisa. Apesar disso, é inegável que adequações no orçamento são in­ dispensáveis em momentos crí­ ticos, como os que o Brasil tem enfrentado nos últimos cinco anos. O período de maior queda do Pro­ duto Interno Bruto na história do País ocorreu entre 2015 e 2016, anos que, somados, registraram retração de 7,2%. Embora os nú­ meros tenham melhorado timida­ mente (1,1%, em 2017 e em 2018), a economia ainda não se reergueu do tombo. Basta observar o eleva­ do contingente de desempregados, superior a 13 milhões de pessoas. Para as empresas, esses núme­ ros revelam a redução do mercado 5 consumidor, justificando a impor­ tância de promover cortes para equilibrar as finanças. “O corte de custos, quando feito de ‘última hora’, ou seja, não estando dentro de um planejamento, é sempre um risco, assim como todas as ações tomadas de forma emergencial, pois sempre atacam a lucratividade e as operações futuras”, pondera o especialista em estratégia e gestão empresarial, Marcelo Scharra, fun­ dador e consultor de negócios da Inside Business Design. O economista, perito em finan­ ças e sócio da Caule Consultoria Empresarial, Lawrence Machado, concorda com esse ponto de vista, exemplificando que um dos cortes mais corriqueiros adotados pelas empresas é a redução da mão de obra. “Esse tipo de ação imediata pode comprometer o desempenho Contas em Revista - Agosto e Setembro de 2019