Revista Febase 85 - Julho 2018 Revista Febase 85 | Page 8

DOSSIÊ s avanços, a persistência não apenas da desigualdade mas por vezes de opressão das mulheres obriga a mais passos concretos na sua erradicação. Sublinho com agrado que Portugal aprovou em 2017 uma nova lei no Parlamento sobre o assédio, com avanços significativos, tendo sido possível aprová-la por maioria, sem votos contra, e após intenso tra- balho entre todas as forças políticas.” CRESCIMENTO Para o governante, é necessário atuar com determinação num quadro de diálogo social permanente em todos os do- mínios do trabalho digno. “Esta é a melhor garantia de efe- tividade e sustentabilidade para as políticas públicas e para a regulação do mercado de trabalho. O diálogo social e o tripartismo são, por excelência, o mecanismo para conciliar crescimento económico e progresso social, para facilitar con- sensos nacionais e internacionais com impacto no emprego e para melhorar a eficiência das leis e a inspeção do trabalho.” Miguel Cabrita não deixou de fazer referência ao acordo de concertação social. “É sobretudo um sinal muito impor- tante a nível interno e externo de que o dinamismo da nego- ciação coletiva e o combate à segmentação, à precariedade e à insegurança no trabalho constituem hoje objetivos par- tilhados que mobilizam todos os agentes e setores da socie- dade portuguesa para a melhoria do emprego em Portugal.” ABORDAGENS António Saraiva representou as confederações patronais portuguesas no discurso que fez no plenário. O presidente da CIP subscreveu a opinião do secretário- -geral da OIT de que há obstáculos sistémicos estruturais difíceis de ultrapassar no que diz respeito à redução da dis- paridade de género. “Há boas razões para supor que não bastará simplesmente persistir na abordagem das últimas décadas. É necessário Fernando Catarino, António Saraiva, Miguel Cabrita e Carlos Silva focar a atenção nas barreiras que estão muitas vezes ocultas e adotar abordagens inovadoras para as superar.” MEDIDAS Para Saraiva, a dificuldade com que as mulheres se depa- ram na conciliação das responsabilidades familiares com o emprego mantém-se como o mais sério obstáculo à igual- dade de género. “Essa dificuldade, aliada a aspetos culturais, é apontada como a principal causa de as mulheres se en- contrarem ainda representadas, no que respeita ao emprego em determinados setores de atividade, com o seu papel tra- dicional na sociedade e sub-representadas nos altos níveis de direção, o que nos leva a considerar que são necessárias novas abordagens para implementar a igualdade de género.” QUEBRAR BARREIRAS Reforço institucional O presidente da CIP é da opinião que é necessário pro- mover de forma mais eficaz a cultura da igualdade “que- brando as barreiras culturais e assegurando que mulheres e homens sigam uma maior diversidade de carreiras através de vários meios, como a promoção do empreendedorismo como verdadeira opção de carreira para ambos os géneros, desenvolvimento de competências durante a carreira, no- meadamente através da educação, da formação e da apren- dizagem ao longo da vida, introdução de maior flexibilidade ao nível da organização do tempo de trabalho especial- mente no contexto da digitalização da economia e dos ins- trumentos tecnológicos que lhes estão associados.” COMPETITIVIDADE A presença da delegação portuguesa em Genebra, mais concreta- mente a da UGT, serviu também como um importante reforço de coope- ração institucional com sindicatos de outros países, como o Brasil, Cabo Verde ou Palestina. Além da interação com estes membros, destaque para a receção feita pelo Representante Permanente de Portugal na Suíça, o Embaixador Pedro Nuno Bártolo, e que contou com a presença de toda a delegação lusa: UGT, CGTP, confederações patronais, deputados e Governo. 8 – FEBASE | julho | 2018 No seu entendimento, as empresas têm aqui um papel im- portante a desempenhar, uma vez que a igualdade promove a competitividade, assumindo-se como uma contribuição decisiva para a concretização plena do potencial das empre- sas. “A promoção de mulheres para o desempenho de cargos de decisão representa um investimento em ambientes de trabalho mais competitivos, inovadores e estimulantes, pro- duzindo melhorias no mercado de trabalho em geral.” w