Revista Febase 85 - Julho 2018 Revista Febase 85 | Page 12

SINDICAL UNI Congresso da UNI elege Christy A norte-americana que ocupava o cargo de vice-secretária-geral é agora a líder da UNI, eleita no Congresso mundial da organização, que decorreu em junho, em Liverpool. Philip Jennings sai de cena ao fim de 18 anos, entre muitos aplausos à sua carreira sindical Textos | Inês F. Neto F oi um Congresso tão importante quanto emotivo. Afinal, não é todos os dias que uma organização sindical mun- dial – que representa cerca de 20 milhões de trabalhado- res dos serviços em mais de 150 países – se despede do seu líder de sempre e acolhe um novo. O Congresso da UNI-Sindicato Global, que decorreu em Liverpool em junho, representou um virar de página. Ao fim de 18 anos de construção e consolidação da organi- zação, Philip Jennings deixou o cargo de secretário-geral e sim- bolicamente passou o testemunho à sua sucessora, eleita na reunião magna. NEGOCIAÇÃO COLETIVA: A APOSTA A norte-americana Christy Hoffman, recém-eleita secretária- -geral da UNI teve um percurso intenso até chegar à liderança. Considerada uma excelente organizadora, estrategista e nego- ciadora, destacou-se em muitos dos contratos globais da UNI com multinacionais e grandes empresas. A longa experiência no movimento sindical internacional e a sua visão renderam- -lhe os votos dos congressistas para elevá-la ao novo cargo. A sua liderança está enraizada na crença de que a aptidão dos trabalhadores e a negociação coletiva são as melhores res- postas face a uma economia global defraudada, que prioriza empresas sobre as pessoas e o planeta. “Em todos os países, as pessoas que trabalham têm de en- frentar a ganância corporativa, a desigualdade, os baixos sa- lários, os ataques à negociação coletiva e a ascensão de uma economia muitas vezes aliada à xenofobia e ao extremismo de direita,” frisou Christy Hoffman no seu primeiro discurso pós-eleição. E continuou: “Vamos enfrentá-los. Nenhum trabalhador soli- tário, nenhum sindicato e nenhum país pode virar o jogo num mundo com corporações globais estabelecendo as regras do jogo, num modelo económico para poucos e não para muitos. E devemos fazer isso juntos.” COROLÁRIO Na despedida, o Congresso não poupou elogios a Philip Jennings, lembrando a sua vida dedicada ao sindicalismo e o trabalho árduo para tornar a UNI uma “potência” na defesa dos direitos dos trabalhadores. Tanto Christy Hoffman como a atual presidente UNI global, Ann Selin, bem como os seus colegas de todas as regiões, reforçaram o louvor. Perante uma sala repleta – onde não faltou a mãe, presente para testemunhar a conclusão da sua brilhante carreira de sin- dicalista – Philip Jennings falou com o coração nas mãos. Lembrou a jornada pessoal que o levou de Cardiff até à Suíça, com passagens por muitos locais do mundo onde foi preciso fazer ouvir a voz dos trabalhadores e lutar contra injus- tiças, como a Colômbia ou a Palestina. Humilde, elogiou a influência de outros no seu percurso pes- soal e profissional. "Com o vosso apoio, a minha vida tem sido rica, profunda e cheia de significado. Uma vida de propósito", reconheceu. “VAMOS ENFRENTÁ-LOS” A sua eleição representa um foco renovado na organização dos trabalhadores representados pela UNI e um novo desafio para os maus empregadores globais, de que a Amazon é um exemplo. 12 – FEBASE | julho | 2018 A despedida de Philip Jennings