Eu me rendo
Porque a palavra sabendo,
que tem dois sentidos
Sempre estará em mim
Eu me rendo a tudo
Pode gritar, fico mudo
A você sou submetido
E à pétala de um jasmim
Render pode ser talvez
Quando pleno com teu trabalho
O rei e o ás na carta do baralho
Ou ele e sua dama, no tabuleiro de xadrez...
E nesse jogo sou peão
A terça parte de nós três
luz fraca como lampião
bem menor do que a pequenez
Render também é se entregar
Sua origem vem de dar, novamente
Entrega se inteiramente
Como vida num grão
Ou a beleza da semente
Pequena imensidão
De centelha inteligente
Sua grandeza não é pelo que se tem
Mas por quanto que se sente
Quanto se rende
Se um grão vira alimento
Ele se rende
Se semente vira árvore
Do calcário ao mármore
Esperando que aflore
Eles se rendem
O calvário de um sábio
A esperança que não morre
Eles se rendem...
Eles se entregam
Eles se dão
Doação
Muitas vezes não sabemos a origem
Outras todas desconhecemos o destino
Aprender algo novo pode dar vertigem
Por mudar velho hábito em desatino
Doar algo é um gesto de carinho
Desfazer-se de algo, gesto de razão
Entender a diferença devagarinho
É perceber a mudança na emoção
Doar vem de donare,
que é dar um presente
Presente vem de praensens,
Que é estar à frente...
Se quer doar algo, faça diferente
Sinta a gente, pegue na mão...
E de repente sentirá o amor
Imensidão....
A solidão do deserto
Quem não está com seus filhos por perto
Quem vive a ânsia de um futuro incerto
Quem renova a fé no acaso da vida
A solidão do deserto
Faz meditar pra me encontrar liberto
Pra ouvir a voz na sinfonia de um concerto
Suportar a dor justa em toda sua medida
A solidão do deserto
A saudade de um aperto
O amor de peito aberto
Suavizando a alma ferida...
Pensamento torna ação
Espalha tua alma sincera
E eles virão
E a gente, primavera