Revista Facção Brazil Arte Volume I - versão beta teste. De registro autoral | Page 9

Eu me rendo

Porque a palavra sabendo,

que tem dois sentidos

Sempre estará em mim

Eu me rendo a tudo

Pode gritar, fico mudo

A você sou submetido

E à pétala de um jasmim

Render pode ser talvez

Quando pleno com teu trabalho

O rei e o ás na carta do baralho

Ou ele e sua dama, no tabuleiro de xadrez...

E nesse jogo sou peão

A terça parte de nós três

luz fraca como lampião

bem menor do que a pequenez

Render também é se entregar

Sua origem vem de dar, novamente

Entrega se inteiramente

Como vida num grão

Ou a beleza da semente

Pequena imensidão

De centelha inteligente

Sua grandeza não é pelo que se tem

Mas por quanto que se sente

Quanto se rende

Se um grão vira alimento

Ele se rende

Se semente vira árvore

Do calcário ao mármore

Esperando que aflore

Eles se rendem

O calvário de um sábio

A esperança que não morre

Eles se rendem...

Eles se entregam

Eles se dão

Doação

Muitas vezes não sabemos a origem

Outras todas desconhecemos o destino

Aprender algo novo pode dar vertigem

Por mudar velho hábito em desatino

Doar algo é um gesto de carinho

Desfazer-se de algo, gesto de razão

Entender a diferença devagarinho

É perceber a mudança na emoção

Doar vem de donare,

que é dar um presente

Presente vem de praensens,

Que é estar à frente...

Se quer doar algo, faça diferente

Sinta a gente, pegue na mão...

E de repente sentirá o amor

Imensidão....

A solidão do deserto

Quem não está com seus filhos por perto

Quem vive a ânsia de um futuro incerto

Quem renova a fé no acaso da vida

A solidão do deserto

Faz meditar pra me encontrar liberto

Pra ouvir a voz na sinfonia de um concerto

Suportar a dor justa em toda sua medida

A solidão do deserto

A saudade de um aperto

O amor de peito aberto

Suavizando a alma ferida...

Pensamento torna ação

Espalha tua alma sincera

E eles virão

E a gente, primavera