fotografia
narrativa
A Catadora
No começo, sofria com o abuso, e da vida, violência
Rastejava abrindo o lixo, procurando alimento
E seguia, lancinante de dor, persistência
Ia em favor do sol, e suava contra o vento
Buscava à família o sustento
Diante da fome, a paciência
De frente com a sede, a boca seca
Até que enfim um alento
Um que passa e lhe joga sua sobra
Vontade de fugir, humilhada, ir embora
Mas aceita e agradece, e não se esquece
O passado de luta, e o viver de agora
O rico não volta, julga que fez o que podia
O filho tragédia, errou e viu a morte
Do terço não solta, não conta com a sorte
Tem somente a fé, que em todos irradia
Junta as letras mas não entende o recado
Separa o resíduo, vive simples, sem pecado
Nem do outro que passa com desdém
E nem na vida, com seu vai e vem...,
Não reclama, nem condena o passado
Dos que amam não sai do lado
Vive com pouco, e pouco se tem
Mas ama a todos, e a todos, amém......