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denominava os religiosos que, após árduo
processo,
em
que
recebiam
os
ensinamentos da lei divina, estavam
habilitados a discursar publicamente (dar
sermões). Entendia-se, à época, que esses
religiosos não devotavam sua vida à fé
apenas por vontade própria. Eles
respondiam a um chamado vindo do alto.
Chamar em latim é vocare (o sentido de tal
chamamento perdura ainda hoje em alguns
meios religiosos sob o nome de ‘vocação’).
Nesse sentido, os profateri eram
compreendidos como pessoas que,
chamadas internamente pelo próprio Deus,
abriam mão de si mesmas (sacrificavam-se)
para viver em nome da transmissão da
sabedoria contida no livro da revelação
divina.
Tornar-se um profateri não é, portanto,
uma escolha do sujeito; ao contrário,
apenas quem escolhe é o próprio Deus (e,
ao fazê-lo, torna o profateri um
privilegiado, um escolhido). A ele, resta
agradecer pelo privilégio, desprezando
qualquer outra possibilidade de vida.
Diante dessas reflexões, podemos agora
tentar reescrever o dito popular que
compara a docência a um sacerdócio.
Provocativamente, sugiro que a frase seja
(re)significada como: a carreira docente
deve
ser
exercida
por
pessoas
desprendidas de interesses próprios,
abnegadas, dispostas ao sacrifício de si
mesmas em nome do saber que
professam.
Isso mesmo, o professor não é um
trabalhador como outro qualquer! Se, por
um lado, o sustento material não lhe é
favorável, o privilégio de ser escolhido não
tem preço...
Em que grau a desvalorização do
profissional docente se deve a essa
compreensão equivocada de nossa
missão?
Difícil precisar. Mas é outra compreensão
derivada das mesmas reflexões que nos
interessa no presente artigo. O professor
(profateri) é aquele que sabe, que conhece.
É isso que lhe dá a prerrogativa de ensinar
/ professar: saber algo que o outro não
sabe.
Sobre essa premissa se assenta todo
sistema educacional (brasileiro e de todas
as partes do mundo de que tenho
conhecimento). O docente domina o
conteúdo da disciplina que leciona – a
“matéria" propriamente dita. O professor
de Matemática conhece equações e
teoremas matemáticos; o de Português, as
normas do padrão culto do idioma; o de
Química, as substâncias e suas reações, e
assim por diante.
Egresso de um curso de licenciatura ou
encaminhado
ao
magistério
por
contingências do mercado de trabalho, o
docente entende ser atribuição básica de
sua função a transmissão do conhecimento
que detém sobre a “matéria”. Essa
transferência de conteúdos, alvo do
planejamento de todas as esferas nas quais
a atividade docente está inserida - da
coordenação pedagógica e da direção de
escola às diretrizes governamentais e toda
a extensa legislação educacional - constitui
o sentido da relação entre professores e
alunos.
Perseguindo esse intuito, cada professor
desenvolve, a partir de sua formação e
experiência, estratégias para que o
conteúdo seja apreendido pelos alunos da
forma mais eficiente possível (o que será
avaliado periodicamente por meio de
exames).
Na relação pedagógica, cabe ao professor,
portanto, ocupar o papel de ser AQUELE
QUE SABE. Que sabe sempre, e sabe tudo,
caso contrário será um professor
deficiente. E cabe o papel de ser aquele
que pode (e sabe como) transmitir seu
saber. É isso que faz um professor: saber
algo e transmiti-lo a alguém que não sabe.
Esse sujeito que NÃO SABE é o aluno. O
outro lado de uma relação entre saídas de