Revista ESFA 15ª Edição - ESFA É NOTÍCIA | Page 90

Se VOCÊ se iden ficou com uma das cenas acima, calma! Não necessariamente será enquadrado como um dependente, ainda que tais comportamentos estejam longe de um padrão adequado de comportamento. Atualmente, o que pode ser considerado como adição é quando determinado uso gera prejuízo, como escolar, acadêmico e social. Também pode ocasionar prejuízos mais sicos, como alteração no sono, dificuldade de dormir pela ansiedade de usar os aparelhos e o“ toque fantasma” – quando a pessoa acredita ouvir seu telefone tocar, mesmo sem estar com ele.
Conforme Dr. Nabuco, a angús a relatada por quem fica longe dos aparelhos celulares levou pesquisadores a compararem a nomofobia aos sintomas de abs nência de outras dependências comportamentais:“ Quando você
repete determinado comportamento, como, por exemplo, o jogo compulsivo, depois de poucos minutos ocorre a liberação de dopamina( conhecida como hormônio do prazer), que faz com que a mo vação seja aumentada, renovada, criando assim, um círculo vicioso. No caso
do smartphone, este comportamento leva à necessidade de ficar cada vez mais conectada, em contato com o aparelho.”
Logo, as consequências podem ser sen das no organismo. O referido psicólogo destaca uma pesquisa realizada na Coreia do Sul, que comparou os efeitos no cérebro de usuários pesados de internet com o de dependentes de álcool e outras drogas. Em todos casos analisados, houve desgaste significa vo na bainha de mielina( uma substância que envolve o neurônio e aumenta a velocidade de condução do impulso nervoso). Essa já era uma consequência neuroquímica conhecida do consumo abusivo da drogas, mas ainda não havia sido relatada em dependentes digitais.
Países como Coreia do Sul, China e Japão já estão tratando a dependência tecnológica como questão de saúde pública. Por lá, há proibição de aparelhos em escolas, es mulo ao convívio social e à prá ca de esportes ao ar livre, além de acompanhamento psicoterápico. Medidas aparentemente simples, mas que podem fazer a diferença para quem não consegue mais desgrudar os olhos da telinha. Se ligue, então, nos sinais de dependência: ü Ansiedade e irritabilidade quando está longe do aparelho; ü Necessidade de aumentar o tempo gasto online para aumentar a sa sfação; ü Tenta vas fracassadas de permanecer longe do disposi vo; ü Perda de interesse em outras a vidades; ü Prejuízo acadêmico, social ou de saúde; ü Preocupação excessiva com algum tema ligado à internet; ü Apresentar irritabilidade ou depressão; ü Mostrar irritabilidade quando o acesso à rede é restringido.
Não vive longe do celular? Pode estar precisando de ajuda. O tratamento baseia-se, principalmente, em psicoterapia e o uso de medicamentos pode ser indicado quando a dependência está associada a outros transtornos psiquiátricos, como depressão e ansiedade, por exemplo.
Dicas prá cas para evitar o uso exagerado dos smartphones: ü Procurar a vidades que es mulem convívio social e a saúde, como a prá ca de esportes; ü Evitar o uso de disposi vos em a vidades que é possível priorizar o convívio com familiares, como encontros e festas; ü Prestar atenção ao surgimento de problemas relacionados ao uso de tecnologias como brigas, isolamento social, desempenho acadêmico abaixo do usual, sintomas de tristeza e ansiedade; ü Perceber que é possível tolerar sen mentos“ nega vos”( frustração, inveja, solidão) sem necessariamente recorrer ao telefone.
Reflita sobre essas informações que foram colhidas em palestra proferida no 13 º Congresso do Ensino Privado Gaúcho / SINEPE / PO, por Cris ano Nabuco- Psicólogo, Pós-Doutor em Psiquiatria / USP e Especialista em terapia cogni va e dependência de internet.
Assim, curta mais a sua vida... longe de tantas tecnologias e mais próximo da natureza, das pessoas e da vida que pulsa!

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