Revista Educar FCE EDUCAR FCE 6ED VOL1 - 23-06-207 | Page 146

Pela psicanálise descobrimos violência. para a atividade psíquica. O leitor pode se A literatura é transmitida a que o peso das palavras ou proteger de suas inevitáveis criança para alimentar seu o peso do nosso silêncio desilusões por meio das pensamento, iniciando-a na pode determinar nossas fábulas. Assim como não língua da narrativa, a fim de vidas. Quanto mais formos é possível haver equilíbrio permitir que o enfrentamento capazes de nomear o que psíquico sem o sonho das grandes questões humanas. vivemos, mais somos aptos durante o sono, talvez não Espontaneamente, a palavra para transformar a nossa haja equilíbrio social sem a brota e, através da leitura, realidade. A dificuldade de literatura, fator indispensável o aluno faz associações que simbolizar, de encontrar de humanização, já que atua relembram sua própria vida. palavras para pensar sobre si na parte subconsciente e Retomando uma atividade mesmo e expressar angústias, no inconsciente humano. A de simbolização, o leitor pode leva o corpo a falar, seja atividade da leitura, assim constrói sentido para o com sintomas físicos de dor, como a arte, tem uma que lê, movimentando seus seja com enfrentamentos de contribuição significativa pensamentos. A SIMBOLIZAÇÃO COMO INSTRUMENTO DE VOZ Os escritores nos ajudam a nomear as coisas pelas quais passamos, nos expressar o que temos de da leitura na reconstrução algo mais íntimo. de si mesmos. Para a pesquisadora O desejo de ajudando a acalma-las dentro Michèle Petit (2009), um ler surge por meio desta de nós. Tocando o mais livro pode ser uma voz intersubjetividade gratificante, profundo da experiência humana, uma presença viva. essa transição entre corpo humana ao falar de dores, Mesmo sozinhos, quando e psiquismo, entre passado de amor ou buscando um lemos, o interior de nós e presente, inconsciente sentido para algo, o escritor mesmos estaria ocupado. Em e consciente. Desviando- também toca em cada um de contextos de crise, de guerras nos através do outro, é nós. Ao encontrar palavras ou violências, as pessoas que elaboramos as partes que perturbam, conseguimos poderiam redescobrir o papel escondidas de nós mesmos. 146 ABRIL | 2017