Revista de Medicina Desportiva Nov. 2021 | Page 25

Atualidadde

Rev . Medicina Desportiva informa , 2021 ; 12 ( 6 ): 23-30 . https :// doi . org / 10.23911 / anabolic _ steroids _ 2021 _ nov
Anabolic-Androgenic Steroid Use in Sports , Health , and Society
Med Sci Sports Exerc . 2021 Aug 1 ; 53 ( 8 ): 1778-1794 .
Dr . Basil Ribeiro Medicina Desportiva . V N Gaia
Resumo
O Colégio Americano de Medicina Desportiva ( ACSM ) publicou em agosto ( 2021 ) uma atualização da declaração de consenso sobre o consumo de estrogénios estrogénicos anabolizantes ( EAA ). A edição anterior datava de 1987 e devido ao acumular de enorme quantidade de informação desde essa data tornou-se necessário fazer esta atualização .
O documento refere que o paradigma de utilização dos EAA mudou , pois , se no passado os maiores consumidores encontravam-se no desporto de competição , atualmente o maior consumo ocorre nos atletas de recreação com o objetivo de , ilicitamente , melhorarem o rendimento e o aspeto físico . O ACSM declara que o uso de EAA pelos atletas é proibido pelas várias organizações desportivas , pelo que discorda da sua utilização . Por outro lado , refere que estas drogas são atualmente utilizadas para o tratamento de condições médicas .
O texto é constituído por várias secções . Na abordagem histórica refere a ancestralidade do tema , referindo-se os efeitos dos extratos de testículo como um fascínio com milhares de anos e o consumo de testículos para melhorar a impotência datado de 140 anos antes de Cristo . O interesse na endocrinologia testicular correu nos séculos XVII e XIX , a testosterona foi sintetizada e bioquimicamente descrita nos finais dos anos 20 e início dos anos 30 do século passado . O seu uso pelos atletas iniciou-se nos anos 40-50 e nos finais dos anos 60 a técnica do stacking já era usada , na qual havia consumo de duas ou mais drogas por via oral e injetável na expetativa de melhorar o rendimento . Terá sido no final anos 50 / início dos 60 a primeira utilização por atletas femininas . Nesta altura o Comité Olímpico não considerou como substância de consumo proibido e apenas em 1967 criou uma comissão médica e publicou uma lista de substâncias e métodos proibidos . Nos Jogos Olímpicos de 1968 foi o momento do maior uso , pois foram usadas doses 2-5 vezes superiores às doses terapêuticas e estima-se que pelo menos um terço da equipa de atletismo americana e a maioria da equipa alemã usou EAA nestes Jogos . Em 1974 realizam-se os primeiros testes nos Jogos da Commonwealth , realizados na Nova Zelândia , onde 9 das 55 amostras deram resultado positivo . Nos Jogos Olímpicos de Montreal ( 1976 ) apenas o dos 275 testes foram positivos , apesar da maioria dos atletas admitir o consumo de androgénios nos treinos . Em 1977 surge o primeiro documento publicado pelo ACSM , com correção posterior em 1987 . É nos anos 80 que o consumo dos EAA se espalha aos ginásios , health-clubs e aumenta o conhecimento público sobre estas drogas . Nesta altura os estudos referem poucos efeitos nos
Definições Testosterona – hormona com fortes propriedades anabólicas e androgénicas .
Esteroides androgénicos anabolizantes – são drogas química e farmacologicamente relacionadas com a testosterona , que promovem o crescimento muscular , e não são estrogénios , progestativas ou corticosteroides ;
Androgénio – é uma hormona esteroide natural ou sintética capaz de promover o desenvolvimento das características primárias e secundárias masculinas
Anabólico – refere-se a uma hormona ou outra substância capaz de promover o crescimento do músculo e do osso homens não treinados , ocorriam respostas importantes nos treinados , mas desconheciam-se as doses que os atletas usavam verdadeiramente . O advento da internet veio facilitar o uso dos EAA , assim como as clínicas médicas direcionadas para esta atividade . A Agência Mundial de Antidopagem , criada em 2001 , desenvolveu , entretanto , técnicas de despiste do consumo e implementou o Passaporte Biológico para a criação e análise do perfil endocrinológico individual .
Em relação à epidemiologia do uso de EAA , os estudos referem diminuição do seu uso nos EUA , apesar da maioria serem elaborados a partir auto-relatórios e com amostras pequenas . O Instituto Nacional para o Abuso de Drogas dos EUA , em 2014 , estimava que cerca de 1.3 milhões de americanos usavam EAA , ao passo que a Sociedade de Endocrinologia referia que entre 2,9 e 4 milhões de americanos já os havia utilizado em algum momento das suas vidas . Também se refere que nos EUA cerca de 100 mil novos utilizadores de EAA surjam em cada ano que passa e apenas 6 % dos utilizadores tinham menos de 18 anos de idade . Contrariamente ao que se poderá pensar , a utilização para fins de recreação em sujeitos entre os 15 os 24 anos de idade é superior à dos atletas e desportos organizados , onde entre 3,5 % e 80 % dos frequentadores de ginásios são consumidores . A utilização no sexo masculino é bastante superior , mas num estudo refere-se que em atletas femininas a prevalência de 0,4 % e 1,0 % de adolescentes consumidoras , cerca de 1,2 % nas atletas universitárias e cerca de 10,3 % nas atletas de elite . Entretanto , a análise de dois estudos revelou prevalência superior nos levantadores de peso e nos praticantes de musculação . O questionário distribuído a 500 utilizadores de EAA ( idade média 29 anos ) revelou que 70 % eram praticantes de recreação , 12 % era bodybuilders de competição , 8 % eram levantadores de peso profissionais e 9 % eram atletas de competição .
Os relatórios publicados pela Agência Mundial de Antidopagem em 2017 referem que os EAA constituíam 87 % das respostas analíticas adversas , enquanto a IAAF reportou 46 %. O estanozol e a nandrolona
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