Revista de Medicina Desportiva Março Março | Page 30

Rev . Medicina Desportiva informa , 2022 ; 13 ( 2 ): 28-30 . https :// doi . org / 10.23911 / SPMD _ 2022 _ mar
Decorreu em 12 de 13 de novembro ( 2201 ) o Sports Medicine Summit 2021 , um evento da SPMD em formato de e-conference que reuniu 24 peritos nacionais e internacionais em quatro temas : Adaptive Sports , The Female Athlete , COVID-19 and Sports e E-Sports Medicine .
Adaptive Sports
Dra . Susana Santos Human Performance Department do Sport Lisboa e Benfica ; Cuf Alvalade . Lisboa .
A sessão 1 do Sports medicine Summit 2021 abordou o importante tema do Desporto Adaptado , facilitador da descoberta de novas maneiras de sucesso e novas capacidades nas pessoas com deficiência . Foi uma sessão moderada pelas médicas fisiatras Sara Lorga e Susana Santos .
Na primeira palestra , apresentada pela Dra . Leila Marques Mota , ex – nadadora paralímpica e chefe da missão portuguesa aos Jogos Paralímpicos no Japão , abordaram-se os Desafios da Classificação no Desporto Adaptado . Explicou que o atleta , com incapacidades várias , para ser integrado nas competições terá de ser avaliado por um painel de classificadores experts e cumprir vários critérios que são : ter uma incapacidade elegível para determinado desporto escolhido , a incapacidade ter severidade suficiente e cumprir critério mínimo de incapacidade ( minimum impairment criteria ).
Existem 10 tipos de incapacidades elegíveis para determinado desporto , subdivididas em três grandes grupos : incapacidades visuais , intelectuais e físicas . Neste último grupo há ainda as subclassificações : défice de força muscular , défice de amplitude de movimento passiva , deficiência de membros , dismetria de comprimento dos membros inferiores , estatura baixa , hipertonia , ataxia e atetose . Após a avaliação o paratleta é integrado num escalão baseado na extensão das tarefas específicas e atividades capaz de executar nesse mesmo desporto . A garantia que os atletas são classificados antes da competição é crucial para salvaguarda da integridade e credibilidade da competição .
Na segunda palestra , a Dra . Cheri Blauwet trouxe-nos a sua vasta experiência de atleta paralímpica e de médica do Comité Paralímpico Internacional , tendo explicado a função e ações do Comité . Partilhou informação dos recentes jogos Paralímpicos de Tóquio 2020 onde estiveram 4403 paratletas provenientes de 162 países praticantes de 22 desportos . Realçou as condições únicas em que se realizaram estes jogos pelo contexto pandémico Covid-19 . Alguns atletas suscitaram maior preocupação pelos seus diagnósticos associados caso contraíssem infeção por SARS- -COV-2 . Por exemplo , os lesionados medulares cervicais têm importante redução da reserva respiratória , pelo que têm risco acrescido . Outras condições com risco acrescido verificaram-se nos atletas com grande dependência ( hight support need ), os quais necessitam de um cuidador ou guia , pelo que não
podiam de todo cumprir o distanciamento social requerido , tendo também necessidades logísticas especiais . A avaliação de temperatura corporal , apesar de ser uma estratégia de mitigação contra COVID-19 , revelou-se ineficaz em alguns doentes dado terem patologias que alteram a termorregulação , com por exemplo a lesão medular . Outro desafio identificado em Tóquio foi o encerramento de vários equipamentos desportivos e a necessária testagem intensiva . Os atletas eram testados com testes PCR 72 horas antes do embarque e na chegada a Tóquio , logo a seguir à aterragem , com teste antigénio de saliva . Os paratletas positivos realizavam posteriormente dois testes PCR , um com material do mesmo teste de saliva positivo e outro numa nova amostra . Nos jogos olímpicos e paraolímpicos foram realizados 1,1 milhões de testes .
Com toda esta organização , o evento teve elevada segurança , observando-se apenas 13 testes positivos ( 0,3 % da população de atletas ). No geral , as operações foram consideradas um sucesso major .
Na palestra seguinte , a Dra . Monica Rho , médica da equipa paralímpica de futebol dos EUA , falou sobre as Lesões de Overuse em paratleta , indicando que as lesões ósseas de stress eram as mais frequentes nesta população . Elas ocorrem por um ciclo de sobrecarga do osso que leva a microtrauma e consequente fratura de stress . Os paratletas que se encontram em maior risco para estas fraturas são aqueles que têm limitação da mobilidade e da capacidade de carga corporal ( ex . lesionados medulares , amputados ), com pior qualidade do osso
28 março 2022 www . revdesportiva . pt