Revista de Medicina Desportiva Maio | Page 17

livres , osteoma osteoide e outras doenças neoplásicas . 3 , 11-14 A artroscopia é muito útil no diagnóstico pela visualização direta das lesões , possibilitando desde logo gestos terapêuticos . 3 , 9
A abordagem terapêutica inicial é conservadora , consistindo em repouso , fisioterapia , administração local e sistémica de anti-inflamatórios , alterações do calçado e ortóteses . Existindo falência do tratamento conservador , consideram-se várias opções cirúrgicas , desde o desbridamento por artrotomia ou artroscopia , à reconstrução ligamentar e à artrodese subtalar , de acordo com a etiologia . 3 , 9 , 15-17
Caso clínico critério diagnóstico . 1 , 2 , 7 , 8 O diagnóstico é desta forma essencialmente clínico e de exclusão 3 , 7 , sustentado por interpretação cuidadosa dos exames de imagem . Na maioria das vezes a radiografia convencional não documenta qualquer alteração , assumindo a ressonância magnética nuclear ( RMN ), a tomografia computadorizada ( TC ) e a tomografia com emissão de fotão único ( SPECT ) e a artroscopia primordial importância .
Os achados imagiológicos mais comuns na RMN são sinovite , fibrose , roturas parciais ou totais dos ligamentos intrínsecos do seio do tarso e quistos sinoviais . 3 , 7-10 A TC e a SPECT são muito úteis para a caracterização de lesões ósseas , como ossículos acessórios e corpos
Doente do sexo masculino , 29 anos , praticante de trail que recorre a consulta por sensação de instabilidade e dor à inversão no aspeto lateral do médio e retropé , diária , mais intensa no limite de amplitude da articulação subtalar e com irradiação para o quarto dedo ( d4 ), com início após entorse de inversão do tornozelo não tratada e oito anos de evolução . Sem outros antecedentes de relevo .
Ao exame físico , era independente na marcha com carga total , com dor à palpação do seio do tarso , agravada no limite da inversão e irradiação para d4 . Sem dor , quer na palpação do espaço de Kager , quer na flexão / extensão da tibiotársica . Sem gaveta anterior , o que indiciava integridade do ligamento peroneoastragalino anterior ( LPAA ), e sem dor nas manobras de stress da sindesmose .
Era um quadro recalcitrante ao tratamento conservador no último ano , tendo feito duas infiltrações de corticoide no seio do tarso noutra instituição .
Na radiografia ( figura 2 a ) pareciam ser visíveis corpos livres no seio do tarso , lesões várias de sobreuso ( overuse ) e osso trígono . Na RMN verificou-se integridade do LPAA e ligamentos intrínsecos do seio do tarso , bem como do ligamento bifurcado . Constatou-se a presença de corpos livres com hipersinal em T2 , apagamento da gordura em T1 ( sinovite ) e hipersinal em T2 sobre o osso trígono . A TC confirmou a presença de corpos livres no seio do
Revista de Medicina Desportiva informa maio 2022 · 15