Revista de Medicina Desportiva Janeiro 2022 | Page 9

internos e externos . 19 , 20 , 27 A lista extensa de fatores de risco traduz a importância do momento da recolha da história clínica . 21 A pronação , fraqueza do músculo tricípite sural e a limitação da dorsiflexão plantar do atleta são parte da avaliação biomecânica a ter em conta na avaliação objetiva do atleta . 21 , 23 , 27 Como fatores
21-23 , 25-27
de risco intrínsecos temos :
• número de anos de prática desportiva
• género ( mais comum no sexo masculino )
• história familiar ( polimorfismos genéticos ligados ao colagénio são implicados nas doenças tendinosas )
• genética ( gene COL5A1 está implicado no risco de ter tendinopatia )
• adiposidade central ( pela pró- -inflamação da gordura visceral )
• hipercolesterolémia ( pelo risco de deposição do colesterol nos tendões )
• história de pré-menopausa na mulher
• Diabetes mellitus tipo 2
• toma de fluoroquinolonas ( as roturas podem ir até seis dias depois da toma )
• fraturas prévias
• história de outro processo tendinopático e o grau de limitação funcional que este condicionou . Os fatores de risco extrínsecos e modificáveis são o pouco tempo de recuperação , a alteração de piso , flutuação de carga de treinos e calçado inadequado , mudança de calçado e
24 , 27
uso de ortóteses . No exame objetivo deve-se ter em conta a palpação local , o início insidioso , a história de microtraumatismo repetitivos , a dor referida ao alongamento e a dor à contração resistida . 23 , 24 Assim , o diagnóstico conta com a história clínica , o exame objetivo e os exames complementares de diagnóstico , nomeadamente a ecografia e a ressonância magnética . 21
Caso clínico
Apresentamos o caso clínico de uma atleta de andebol do campeonato nacional da 1 ª divisão , sexo feminino , 32 anos , posição de lateral esquerda , que recorre ao Serviço de Urgência de Ortopedia por gonalgia direita após trauma direto com outra jogadora durante um jogo . Ao exame objetivo apresentava dor na face ântero-externa do joelho direito , edema moderado e impotência funcional na flexão e extensão completa . Realizou um raio-X , o qual não revelou lesões osteoarticulares agudas ou calcificações , demonstrando apenas um aumento da radiolucência no polo inferior da rótula . Foi recomendado tratamento com anti-inflamatório , crioterapia , descarga e repouso de atividade física . Foi reavaliada em consulta uma semana depois , mantendo as queixas , com limitação funcional na extensão , sem outras alterações , nomeadamente sem instabilidade , sem edema , testes McMurray , Appley , gaveta anterior e posterior e Lachman negativos . Foi recomendado tratamento conservador durante dois meses com fisioterapia , crioterapia , anti-inflamatório e repouso de exercício físico . Após dois meses retorna à consulta com melhoria das queixas , pelo que se decide o retorno ao treino condicionado e posterior retorno à competição desportiva . Após cinco meses , realizou dois jogos em dois dias consecutivos e reinicia quadro de gonalgia direita , sem trauma , edema ou dor noturna . É referenciada novamente à consulta , apresentou um raio-X sobreponível ao anterior e com história clínica e exame clínico compatível com o diagnóstico de Jumper ’ s knee . Aconselhou-se tratamento conservador durante três meses . Retorna à consulta um ano após início do quadro , com limitação funcional para treinar . Foi referenciada para consulta de radiologia de intervenção e a ecografia revelou tendinose da região insercional craneal do tendão rotuliano , com aspeto espessado e heterogéneo das fibras , já com alguma degenerescência e fissurações delaminativas , que sistematizavam pequena rotura parcial no terço médio insercional patelar , com hiperémia inflamatória identificável à interrogação doppler , em relação com inflamação ativa ( figura 2 ). Após a avaliação multidisciplinar , foi realizada a técnica de brisement eco-guiada do tendão rotuliano direito ( figura 3 ), com libertação / descolamento do paratendão do tendão inoquamente e dry-needling e injeção de solução de soro fisiológico aquecido e anestésico ( figuras 4 e 5 ), sem complicações evidentes . Foram recomendados o protocolo de reabilitação pós-brisement durante três meses e o retorno gradual à competição . Após dois meses de realizar o brisement e com um plano de recuperação , a atleta retornou à competição sem queixas , sem qualquer limitação . Ao presente momento , encontra-se assintomática .
Discussão
Uma Nova Etapa que se Junta no Tratamento de Tendinopatias ?
Figura 1 – Diferenças morfológicas num tendão saudável e na tendinopatia ( Mead , et . al ., 2018 )
Relativamente ao tratamento conservador da tendinopatia , o exercício terapêutico , nomeadamente com recurso ao exercício excêntrico , demonstrou reduzir a dor com um
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