Revista de Medicina Desportiva Informa Setembro 2013 | Page 21
Figura 1
fim, o retrator tubular onde se vai
trabalhar com ajuda de microscópio
e instrumentos cirúrgicos específicos (fig. 2, 3 e 4). Seguidamente
realiza-se a flavotomia, afasta-se
a raiz nervosa e retira-se a hérnia
discal. Se necessário, procede-se à
microdiscectomia. O doente tem alta
no dia seguinte.
No pós-operatório imediato deve
abster-se de movimentos bruscos de
flexão, extensão e rotação da coluna
lombar, não deve transportar objetos pesados ou permanecer muito
tempo na mesma posição. Pode
conduzir o automóvel na primeira
semana pós-operatória, inicia exercícios na piscina após retirar os pontos
/ agrafes 15 dias após a cirurgia. A
fisioterapia deve ser iniciada 3 semanas após o ato cirúrgico.
Figura 2
Regresso à atividade e revisão
bibliográfica
Figura 3
Figura 4
e carateriza-se por parestesias e
fraqueza muscular em ambos os
membros inferiores, dor retal, perda
de sensibilidade do períneo e paralisia dos esfíncteres.
É importante referir o papel fulcral da fisiatria e da fisioterapia na
reabilitação destes atletas e no seu
retorno à atividade física precedente.
O reforço da musculatura paravertebral pode reduzir a força axial discal
em 30%10, tendo papel importante
os músculos glúteos, erector spinae,
oblíquos abdominais, reto abdominal e toda a musculatura associada.
O retorno à prática desportiva é
um aspeto determinante na decisão
terapêutica. Hsu et al num estudo
retrospetivo envolvendo 342 atletas constatou que 82% dos atletas
voltaram à atividade desportiva pré-cirurgia4, ao passo que Wang et al
mencionam a taxa de retorno igual
a 90%11 e Watkins et al num estudo
com 60 atletas olímpicos e profissionais a taxa de retorno foi igual a
88%13. Em relação ao tempo necessário para a recuperação, Matsunaga
et al.12 estabelecem 7,5 semanas de
recuperação para a microdiscectomia e 17 semanas para a discectomia clássica.
Técnica cirúrgica
Experiência pessoal
O doente é posicionado em decúbito geno-peitoral, é realizada uma
incisão com 2-2,5 cm de extensão,
paramediana, vertical e ao lado da
lesão (fig 1). São colocados dilatadores musculares sequenciais e, por
Os autores, não tendo uma atividade cirúrgica específica em atletas
de alta competição, partilham da
opinião que a microdiscectomia
tem alta taxa de sucesso, com
recuperação rápida e eficaz e consequente retorno ao mesmo nível de
atividade profissional pré-cirúrgica.
Apresentam uma série de 235 doentes (114 mulheres e 121 homens)
sujeitos a microdiscectomia lombar
entre 2005 e 2011, com idade média
de 43 anos e tempo operatório médio
de 54 minutos, com alta às 24 horas.
Os níveis lombares abordados foram
L3-L4 (47 – 20%), L4-L5 (83 – 35,3%) e
L5-S1 (105 – 44,7%).
Comparativamente à discectomia
convencional, as perdas sanguíneas
na microdiscectomia foram quase
nulas. A dor foi avaliada no pré e no
pós-operatório, com a escala visual
analógica da dor, sendo a média dos
valores igual a de 8.7 e 1.4, respetivamente. 85% dos doentes retomaram
a atividade profissional pré-cirúrgica, sendo o tempo de recuperação médio igual a 6 semanas, com
ou sem realização de fisioterapia,
incluindo-se também os sujeitos
com atividade profissional pesada.
Conclusão
Embora seja um procedimento com
uma longa curva de aprendizagem,
a microdiscectomia lombar, quando
devidamente acompanhada por um
programa de reabilitação pós-operatório eficaz, tem excelentes resultados no tratamento e no retorno mais
precoce à atividade física prévia, o
mesmo se podendo concluir certamente para os atletas com hérnia
discal lombar sintomática.
Bibliografia
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Restante bibliografia em
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