Revista de Medicina Desportiva Informa Setembro 2013 | страница 20

Tema 3 Rev. Medicina Desportiva informa, 2013, 4 (5), pp. 18–19 Microdiscectomia lombar em atletas Dr. Rui Rocha1, Dr. André Sarmento2, Dr. Maia Gonçalves2, Dr. Rolando Freitas4 Interno de Ortopedia; 2Assistente Hospitalar de Ortopedia, 3Chefe de Serviço e Diretor do Serviço de Ortopedia do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho. 1 RESUMO / ABSTRACT No desporto de alta competição o atleta com uma lesão na coluna vertebral é um atleta não competitivo. Para o desportista profissional as lesões da coluna vertebral podem ser altamente incapacitantes. Embora a cirurgia possa corrigir a lesão vertebral, as dúvidas reportam à possibilidade de regresso à competição, ao tempo de paragem, à qualidade e duração da atividade futura. Os autores apresentam um resumo bibliográfico sobre o tema, as indicações e a técnica cirúrgica e os resultados da experiência pessoal com a utilização da microdiscectomia lombar. In elite sport the athlete with spinal disk disease is a non-competitive athlete. For the professional sportsman spine injuries can be highly disabling. Although surgery can correct spinal injury, doubts remain as to the possibility of returning to competition, dwell time, quality of future activity and duration of the career. The authors make a brief review of the literature on the subject, indications for surgery and the surgical technique, as well as results of their personal experience with lumbar microdiscectomy. PALAVRAS-CHAVE / KEYWORDS Discectomia, atletas, cirurgia coluna lombar. Discectomy, athletes, lumbar spine surgery. Introdução Incidência e indicações cirúrgicas No desporto de alta competição o atleta com uma lesão na coluna vertebral é um atleta não competitivo. Para o desportista profissional as lesões da coluna vertebral podem ser altamente incapacitantes e significam a diminuição no rendimento ou o abandono prematuro da atividade desportiva. Em 1934 Mixter e Barr descreveram pela primeira vez a rotura de disco intervertebral1 e desde essa altura tanto os métodos de diagnóstico, como a técnica cirúrgica têm tido grande evolução, com Willams em 1978 a descrever pela primeira vez a microdiscectomia2. Na atualidade, com os retratores existentes e a capacidade de ampliação e iluminação disponíveis (lupas, microscópio), o cirurgião tem ao seu dispor instrumentos que lhe permitem por incisões mais pequenas ter melhor visualização e mais segurança cirúrgica do que no passado. A incidência de dor lombar em atletas varia entre 10 a 30%, sendo que 90% melhoram sem necessidade de cuidados cirúrgicos3. A hérnia discal lombar aguda ocorre geralmente antes dos 40 anos de idade, mas os atletas profissionais podem ter predisposição acrescida para o desenvolvimento de protusões discais devido às caraterísticas de intensidade e repetição nas forças a que estão sujeitos no quotidiano4. Os atletas de diferentes desportos têm maior ou menor probabilidade de virem a desenvolver uma hérnia discal lombar, dependente das exigências biomecânicas da modalidade em questão. Os desportos mais associados a lesões lombares são: ginástica desportiva, halterofilismo, atletismo, golfe, basebol, desportos de combate, râguebi, andebol e voleibol5. A cirurgia tem indicação em 10% dos casos de hérnia discal lombar (em atletas e não atletas). A microdiscectomia tornou-se a técnica gold-standart”6 com as vantagens de diminuir o trauma muscular e a fibrose perineural, aumentar a 18 · Setembro 2013 www.revdesportiva.pt segurança do procedimento, provocar menor morbilidade no pós-operatório e menor tempo de hospitalização7. O mais importante em termos de previsão dos resultados é a precisa e objetiva indicação cirúrgica, a qual obedece a regras bem estabelecidas. Outros preditores de bom resultado cirúrgico são a inexistência de comorbilidades e de cirurgia prévia, a ausência de compensação financeira por parte da entidade seguradora para o atleta, a distribuição radicular da dor em miótomos e dermátomos compatíveis com os exames auxiliares, o sinal de Lasègue positivo e a assimetria dos reflexos osteotendinosos nos membros inferiores8. Para a população em geral as indicações absolutas para cirurgia são o aparecimento da síndrome da cauda equina ou o défice neurológico progressivo. As indicações relativas são a existência do défice neurológico, mas não progressivo, a dor renitente ao tratamento conservador, a perda da capacidade funcional ou a impossibilidade de executar a atividade profissional9. Para o atleta essas indicações mantêm-se, sendo que o tratamento conservador pode não estar de acordo com a necessidade de regressar rapidamente à competição. Diagnóstico O diagnóstico é sempre confirmado por estudo de imagem com radiologia convencional e ressonância magnética. É importante que o exame objetivo coincida com os estudos de imagem para que os resultados cirúrgicos não sejam dececionantes. O sintoma predominante é uma radiculopatia, que segue o dermátomo da raiz nervosa afetada. As queixas de fraqueza e parestesias também são comuns e devem ser correlacionadas da mesma forma com a imagem. O sinal de Lasègue (elevar o membro inferior com o joelho em extensão e o doente em decúbito dorsal prov