3-4 vezes superiores de cafeína em relação a outras BE , para além de terem estimulantes de ervanária , como a yohimbina a evodiamina , que são bastante mais perigosos que a cafeína 10 . Por razões de segurança a FDA iniciou em 2012 a investigação das bebidas com cafeína após relatos de cinco mortes súbitas no desporto relacionadas com o seu consumo 1 , 5 . Um destes casos ocorreu numa jovem de 14 anos de idade , com doença cardíaca , após ter bebido duas latas de uma bebida energética no período de 24 horas 5 . Outra situação menos dramática ocorreu num jovem jogador de futebol americano que teve convulsões e esteve em coma durante 36 horas após ter bebido duas latas de uma bebida energética amplamente difundida 8 .
Efeitos adversos da cafeína
A cafeína é bem absorvida e atinge o pico de concentração sanguínea 15 a 45 minutos após a ingestão , sendo rapidamente metabolizada no fígado nos seus metabolitos estimulantes ( teofilina e teobromina ) 1 . A intoxicação por cafeína pode causar a morte , habitualmente por arritmia cardíaca , como foram os 20 casos encontrados em autópsias realizadas na Suécia ao longo de 16 anos , apesar de haver outros medicamentos na corrente sanguínea . Os doentes cardíacos e os doentes hepáticos são certamente os mais vulneráveis , já que nestes poderá estar comprometida a metabolização da cafeína , mas também o consumo simultâneo de outras substâncias pode “ ocupar ” a sua via de metabolização ( citocromo P450 1 A2 ) e fazer perdurar níveis elevados de cafeína durante mais tempo 1 . No sítio da net da JAMA refere-se que a dose de 500 mg / dia é considerada segura , mas os doentes cardíacos
e hepáticos devem consumir dores inferiores ou até nulas . O mesmo autor refere que na Suécia o redimensionamento das embalagens , de 250 para 30 comprimidos , parece ter diminuído a taxa de overdoses fatais com cafeína 1 . Embora se considere que a ingestão diária de 300 mg de cafeína possa ser segura , as mulheres grávidas e a amamentarem , os diabéticos , com úlcera péptica e com insuficiência cardíaca também têm riscos com a ingestão de cafeína 2 .
Existem riscos para a saúde associados com a ingestão de BE 2 , 3 :
Aumento da frequência cardíaca Arritmias cardíacas ( palpitações ) Aumento da pressão arterial Aumento da diurese Distúrbios do sono Hiperglicemia Convulsões Obesidade Mania
Mistura de cafeína e de álcool ( alc + caf )
A associação de alc + caf tem vindo a tornar-se popular entre os adolescentes e universitários , sendo também consumida em bares sob a forma de coktails 4 . Em 2010 a FDA havia considerado não seguro o consumo conjunto de alc + caf , já que aquela poderia eliminar alguns sinais de alarme de intoxicação 1 . Por outro lado , o álcool prolonga a semivida de 5 horas da cafeína e contribui para os seus efeitos tóxicos 1 . No estudo de Craig Odar realizado em 401 atletas da 1 .ª divisão universitária americana de atletismo , cerca de um terço dos quais referiu o consumo simultâneo de álcool e de BE com elevado conteúdo em cafeína no ano anterior . Este grupo referiu ter mais comportamentos de maior risco ( beber e conduzir , por exemplo ) e sentir mais extrassístoles e batimentos cardíacos mais rápidos em relação aos atletas que apenas consumiam álcool 10 . O estudo realizado em 2006 com 697 universitários revelou que cerca de um quarto consumia álcool com BE , os quais tinham risco aumentado para as consequências dependentes do álcool 11 , estando mais suscetíveis de adotarem comportamentos de risco , como conduzir sob o efeito destas drogas , devido à diminuição da sensação de intoxicação e alteração da perceção neurocognitiva 4 . O odds ratio de deixar um bar intoxicado ( álcool > 0.08g /%) dos consumidores de alc + caf em comparação aos que apenas consumiram álcool sem cafeína foi igual a 2.99 ( ref . em 4 )! Os efeitos opostos estimulante- -depressivo desta associação podem ser dramáticos , pois poderão sentir- -se menos intoxicados do que na realidade já estão 2 .
O consumo entre as crianças e os adolescentes
O consumo de BD e de BE tem aumentado bastante entre as crianças e os adolescentes , as quais as preferem pelo sabor agradável , para saciar a sede e para obter energia extra para o rendimento físico 6 , 12 , mas também pela perceção de benefícios para a saúde no curto prazo , prevenção de doenças , fornecimento pelos pais e retificação de dieta pobre 12 . São muito consumidas nesta faixa etária para a obtenção de níveis energéticos superiores , melhorar o estado de atenção e sentirem- -se mais despertos 3 .
Um estudo publicado em 2003 , realizado em 78 sujeitos jovens , entre os 11 e 18 anos , constatou o consumo de BD e energéticas , suplementos de vitaminas e de minerais , guaraná , equinácea , creatina , leite rico em proteínas e coenzima Q10 nas duas semanas anteriores que antecederam o inquérito . Interessante , ou talvez não , vários jovens referiram desconhecer as razões pelas quais a mãe lhes dava o suplemento , enquanto outros referiram ser os treinadores a promovem o consumo de BD . Em relação ás BE , e mais os rapazes , referiram o seu consumo intencional como o objetivo de estimulação e de ajuda ergogénica , enquanto outros as consumiam em substituição das bebidas tradicionais ( soft drinks ) apenas quando tinham dinheiro disponível , já que tinham a noção de serem mais caras 12 . É preocupante neste estudo constatar que houve jovens a referirem terem sentido efeitos fisiológicos em associação ao consumo de cafeína , a qual era a principal motivação para o seu
Revista de Medicina Desportiva informa Setembro 2013 · 15