Revista de Medicina Desportiva Informa Novembro 2016 | Page 5

Responde quem sabe Rev. Medicina Desportiva informa, 2016, 7 (6), pp. Terá interesse nos estádios mais avançados de artrose? Viscosuplementação – Alguns Conceitos O princípio da viscosuplementação está baseado no facto dos pacientes com artrose apresentarem uma menor concentração de ácido hialurónico. Estudos recentes constataram a presença de ácido hialurónico com menor peso molecular e em menor quantidade no líquido sinovial dos pacientes com artrose, quando comparados com joelhos não artrósicos. A viscosuplementação é útil para os doentes que não responderam adequadamente ao tratamento com outras medidas terapêuticas. Pode ser feita em qualquer fase da artrose, mas os seus efeitos parecem ser maiores nos pacientes com artrose em fase inicial. A eficácia a longo prazo, e a sua relação com o estádio da artrose, ainda não é totalmente conhecida e as investigações continuam. Dr. Henrique Jones O que é a viscosuplementação? A viscosuplementação é um procedimento médico que preconiza a administração intra-articular de ácido hialurónico no sentido de equilibrar a diminuição da sua produção ou da alteração de suas características, o que acarreta uma perda da viscoelasticidade do líquido sinovial, característica importante para a manutenção das propriedades articulares. O ácido hialurónico parece ter propriedades anti-inflamatórias de longo prazo e produz alívio prolongado da dor. As injeções locais também poderão estimular o organismo a produzir ácido hialurónico. Qual o mecanismo de ação e frequência de aplicação? O ácido hialurónico foi descoberto em 1934 e encontra-se presente em diversos tecidos de nosso organismo, como pele, cartilagem e humor aquoso. Desempenha um importante papel como base estrutural da matriz extracelular. A sua redução afeta diretamente a viscosidade, a elasticidade e o volume tecidular, sendo fundamental em tecidos como a cartilagem, representando grande parte da sua composição. Possui função anti-inflamatória, comprovada em fases iniciais da osteoartrose, e ainda efeito analgésico, o que diminui os impulsos nervosos e a sensibilidade nas terminações nocicetivas As propriedades químicas e biológicas do ácido hialurónico representam um papel fundamental para a manutenção de uma articulação saudável. Classicamente as injeções de viscosuplementação eram feitas com três injeções sequenciais. Hoje sabemos que o doente pode melhorar com uma única injeção, que pode ser repetida a cada oito a doze meses. A sua aplicação terá efeitos colaterais? Riscos e contraindicações? Apesar de não existir grande relevância na incidência, o ácido hialurónico de origem aviária parece ter um maior potencial alergogénico. Não são conhecidos efeitos colaterais importantes, mas existe a necessidade de administração intraarticular. O extravasamento nas partes moles pode potenciar eventuais efeitos adversos (4.2%): calor local, eritema, derrame articular e dor. Quais as articulações que mais beneficiam? O uso do ácido hialurónico está bem sustentado por alguns trabalhos científicos na artrose do joelho, estando descritos bons resultados também na anca, tornozelo, mãos e pés, podendo ser utilizado em praticamente todas as articulações (a injeção ecoguiada poderá ser importante em algumas articulações). Desde 1997 que a FDA autorizou o uso na osteoartrose do joelho. Estudos demonstraram que o ácido hialurónico é melhor do que o placebo e que a otimização do efeito ocorre entre a 5.ª e a 13.ª semana após sua aplicação. O que distingue os vários tipos de ácido hialurónico? Os ácidos hialurónicos disponíveis no mercado dividem-se, quanto à sua origem, em duas categorias: os de origem aviária e os fermentados. Dividem-se, ainda, quanto ao seu peso molecular: os de alto peso molecular e os de baixo peso molecular. Os ácidos hialurónicos de alto peso molecular são os que possuem maior evidência na ação lubrificante articular e na diminuição da dor. https://i.ytimg.com/vi/-6xlDfJdM6U/hqdefault.jpg Revista de Medicina Desportiva informa Novembro 2016 · 3