Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2019 | Page 33
suplemento que pretende adquirir.
Deve saber que por vezes o rótulo não
mostra o que pode ser visto dentro da
embalagem.
Os nutricionistas portugueses
têm informação mais do que sufi-
ciente sobre o tema da suplemen-
tação e sabem dar a resposta sobre
a necessidade e a oportunidade da
sua implementação. Têm também o
mérito de, através da sua associação,
a Associação Portuguesa de Nutri-
cionistas, denunciarem este negócio
e de desmascararem a charlatanice
que por vezes vamos assistindo. No
seu site, a APN divulga um artigo de
opinião do nutricionista Pedro Car-
valho, publicado no jornal O Público
em 21/10/2015, em que se apresen-
tam as falsas justificações que nos
são familiares, e que se transcrevem:
“… os alimentos de hoje que não têm
nada a ver com os dos nossos avós” e
“ninguém tem vida para comer cinco
porções diárias de hortofrutícolas”,
como pretexto para a toma de mul-
tivitamínicos, a produtos milagrosos
que foram desenvolvidos por “cien-
tistas da NASA” ou por um “prémio
Nobel da Química/Medicina” para os
revestir de credibilidade. Tudo serve
quando o objetivo é ganhar dinheiro
à custa da ignorância alheia”. 5 Este é
o tipo de argumentação que se deve
recusar e que apela à desconfiança e
estimula a prudência. Os suplemen-
tos são isso mesmo, suplementos,
pelo que não devem substituir a
alimentação adequada.
Bibliografia
1. U.S. Food and Drug Administration.
Dietary Supplements: What You
Need to Know. http://www.fda.
gov/Food/DietarySupplements/
UsingDietarySupplements/ucm109760.htm.
2. União Europeia. Suplementos alimentares.
http://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/
TXT/HTML/?uri=URISERV:l21102&from=PT.
3. U.S. Food and Drug Administration. Tips
for Dietary Supplement Users. http://
www.fda.gov/Food/DietarySupplements/
UsingDietarySupplements/ucm110567.
htm#basic.
4. The Association of the UK dietitians.
https://www.bda.uk.com/foodfacts/
supplements.pdf.
5. Carvalho, P. Como quer ser
enganado? http://lifestyle.publico.pt/
mitosquecomemos/354457_como-prefere-
ser-enganado.
Volume 188, Issue 2, 1 February 2019
Resumos – Dr. Basil Ribeiro https://doi.org/10.23911/Resumos_AmJEpidemiol
The Association of Television
Viewing in Childhood with
Overweight and Obesity
Throughout the Life Course Association Between Reductions of
Number of Cigarettes Smoked per
Day and Mortality Among Older
Adults in the United States
Muna J Tahir; Walter Willett; Michele R Forman
https://doi.org/10.1093/aje/kwy236 Maki Inoue-Choi, Patricia Hartge, Yikyung Park et al.
https://doi.org/10.1093/aje/kwy227
O estudo pretendeu estudar a asso-
ciação entre o tempo a ver televisão
e a atividade física nos periodos etá-
rios dos 3 aos 5 e dos 5 aos 10 anos
de idade, em raparigas, e a possibi-
lidade (odds-ratio - OR) de obesidade
em idades futuras. De acordo com
modelos de regressão logísticos ajus-
tados multivariáveis, ver televisão
pelo menos durante 4 horas / dia em
relação a não ver televisão, nas rapa-
rigas entre os 3 e os 5 anos de idade,
esteve associado a OR de excesso de
peso / obesidade igual a:
• 1.61 (95% intervalo de confiança -
CI: 1.20, 2.17) aos 5 anos de idade
• 1.46 (95% CI: 1.14, 1.86) aos 10
anos de idade
• 1.31 (95% CI: 1.00, 1.70) aos 18
anos de idade
• 1.32 (95% CI: 1.10, 1.59) na vida
adulta (26-45 anos de idade).
Para a variável composta muito
tempo de televisão/baixa atividade
física versus pouco tempo de tele-
visão/alto nível de atividade física
durante as idades entre 3 e 5 anos,
os OR para excesso de peso / obesi-
dade variaram entre
• 3.22 (95% CI: 2.23, 4.65) aos 5 anos
de idade e
• 1.82 (95% CI: 1.36, 2.45) na vida
adulta.
O estudo revelou resultados seme-
lhantes na análise das crianças que
tinham entre 5 e os 10 anos de idade.
Os autores concluíram que muitas
horas a ver televisão na infância,
em combinação ou não com pouca
atividade física, estiveram consis-
tentemente associados com excesso
de peso/obesidade ao longo da vida.
Fica o recado para os mais distraí-
dos e para os que não querem ser
incomodados. Os autores do estudo utilizaram
um questionário para averiguar os
hábitos tabágicos de fumadores de
idades entre 25 e 29 e entre 50 e 59
anos de idade. Identificaram vários
grupos de pessoas que deixaram de
fumar, diminuíram o consumo, man-
tiveram ou aumentaram o consumo
diário de cigarros. Calcularam os
hazard ratios (HR) com um intervalo
de confiança de 95% através de
modelos de regressão. Em relação
aos não fumadores:
• Os fumadores que mantiveram o
mesmo consumo tiveram o risco
(HR) 2,93 vezes superior de morta-
lidade por todas as causas;
• Os fumadores que aumentaram o
consumo tiveram o risco (HR) 3,37
vezes superior;
• Os fumadores que diminuíram o
consumo o HR foi igual 2,38
• Os sujeitos (30 a 39 anos de idade)
que deixaram de fumar tinham
HR = 1,32.
Os autores constataram os mes-
mos padrões nas causas de morte
relacionadas com o consumo de
tabaco, com particular associação
forte com doença respiratória e
cancro do pulmão. Os resultados
permitem concluir que a redução
do consumo de tabaco ao longo da
vida diminui de modo significativo o
risco, mas deixar mesmo de fumar ...
origina ainda maior diminuição do
risco. Ou seja, o fumador tem ainda
a possibilidade de deixar de fumar
e ver o risco de morte relacionado
com o tabaco diminuir. Boas notí-
cias, portanto, basta agora marcar a
data para deixar de fumar.
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