Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2019 | Page 32

Os suplementos poderão ser divididos em duas grandes catego- rias: os suplementos dietéticos e os ergogénicos. Os primeiros incluem vitaminas, minerais, aminoácidos, ácidos gordos ómega-3 e outros, ao passo que os ergogénicos, com função de estimulação, já incluem, por exemplo, a cafeína. De acordo com a “The Association of the UK dietitians”, a maioria das pessoas pode obter tudo o que precisa a partir da dieta variada e saudável, bastando comer muita fruta e vegetais, alimentos com carboidra- tos, algum leite e derivados, alguma carne, peixe e ovos, mas deve haver alguma restrição nos alimentos com sal e com açúcar. 4 Contudo, alguns suplementos poderão ajudar a obter uma dieta adequada destes nutrien- tes essenciais, mas aqueles não poderão substituir a ingestão da dieta variada e saudável. 1 Também, os suplementos não têm como função “tratar, diagnosticar, prevenir ou curar doenças” e sempre que estas “virtudes” sejam referidas dever-se-á pensar em drogas e não em suplementos. 1 A U.S. FDA refere alguns riscos aquando da ingestão de suplemen- tos, já que estes poderão conter componentes com forte ação bio- lógica, pelo que poderão ter efeitos nefastos para a saúde quando: 1 • Uso simultâneo de suplementos e de medicamentos • Substituição de medicamentos prescritos por suplementos • Ingestão exagerada de suplementos, como vitamina A ou D e de ferro. A coumadina (Varfine ® ), a ginco biloba (um suplemento de ervaná- ria), a aspirina e a vitamina E têm influência no sangue e a toma em conjunto de qualquer um destes produtos pode aumentar o potencial para hemorragia interna. 3 Por outro lado, há situações particulares que 30 março 2019 www.revdesportiva.pt devem ser consideradas antes de iniciar a suplementação. A recomen- dação da U.S. FDA é que “se estiver grávida, a amamentar ou tiver uma doença crónica, como a diabetes, a hipertensão arterial ou uma doença cardíaca, deve consultar-se o médico antes de comprar ou tomar qualquer suplemento”. 3 A compra de suplementos pela internet tem atingido grande dimen- são. Conhecedora este aspeto, a U.S. FDA divulgou algumas questões a considerar antes da ordem de compra: 3 • Quem é responsável pelo site? Será uma Universidade, uma instituição pública, uma associação nacional médica ou de nutricionistas? A informação é credível, revista por profissionais de saúde qualifica- dos, com experiência na matéria e ligados a comunidades médicas ou institucionais credíveis? • Qual é o objetivo do site? Tem como objetivo instruir o público ou apenas vender um produto? Deve haver destrinça entre informação científica e publicidade. Habitual- mente as entidades governamen- tais ou sem fins lucrativos não expõem publicidade. • Qual é fonte de informação e tem indicação das referências? Existe objetividade nas referências de modo a que estas possam ser consultadas ou apenas se refere “alguns estudos …”? Os estudos indicados foram sujeitos a um revisor de qualidade científica reconhecida? • A informação é atual? É impor- tante verificar a data de publica- ção dos estudos, já que estudos mais recentes poderão contradizer o que se pensava ser a verdade no passado. A atualização perma- nente dos sites relacionados com a saúde revela alguma idoneidade. • As chamadas de atenção no site são importantes? A U.S. FDA recomenda especial atenção às palavras escritas em maiúsculas ou seguidas de muitos pontos de exclamação. Cuidado com as solicitações, do género “enviar esta informação a um amigo”, ou com eventuais falsos avisos: “isto não é um engano”. A U.S. FDA levanta uma série de questões que devem ser consideradas e maduramente refletidas antes do envolvimento na compra de um suplemento: 3 • “Mesmo que este produto não me faça bem, pelo menos não me fará mal”, mas nem sempre é assim, referindo-se que o consumo pro- longado em doses elevadas, ou em combinação com outros produtos, poderá ser tóxico; • “Quando vejo o termo natural, sig- nifica que é um produto saudável e seguro”. O uso ambíguo do termo natural poderá ser interpretado como benéfico e seguro, mas poderá não indicar que o suplemento é de facto seguro, já que os seus ingredientes poderão interagir com medicamentos ou serem perigosos em certas doenças. Aqui, natural não significa obrigatoriamente segu- rança e nunca está bem definido; • “Um produto é seguro quando não existe informação cautelar no rótulo”. Já que “os fabricantes de suplementos podem não necessa- riamente incluir avisos acerca dos potenciais efeitos adversos nos rótulos dos seus produtos”, será no imediato difícil saber da segurança daquele produto e apenas a inqui- sição junto do fabricante permitirá o esclarecimento global • “O aviso de um produto perigoso garante que todos os produtos perigosos serão imediata e com- pletamente removidos do mer- cado”, mas o aviso é voluntário e este “aviso não removerá neces- sariamente todos os produtos perigosos do mercado. Uma das principais regras aquando da aquisição de suplementos consiste na compra em locais de confiança, com reputação, e nunca em locais duvidosos ou pela internet, em sítios declaradamente comerciais. Feliz- mente que em Portugal temos empre- sas que vendem centenas suple- mentos, com várias finalidades, com quem se pode falar e até se responsa- bilizarem de algum modo por aquilo que vendem. Estas empresas têm muitos produtos limpos, mas certa- mente terão alguns que não escapam ao controlo de antidopagem. Recorde- -se que nesta matéria a Lei imputa ao atleta toda a responsabilidade na temática da dopagem / antidopagem, pelo que cabe ao atleta, em particular, assegurar-se da segurança global do